sábado, 18 de junho de 2011

Cervejaria Alpen Bräu / Heinrich Feldmann / Henrique Feldmann / Kranapehl / Claus Feldmann



Baseado no texto:Museu da Cerveja II – Fotos dos Feldmann.

Heinrich Feldmann Sênior nasceu em 1863, veio da Alemanha com 5 anos de idade acompanhado de seus pais para Itoupava, Blumenau – SC.

No final do século XIX, mais exatamente em 1898, Heinrich Feldmann Sênior iniciou um empreendimento de fundo de quintal, uma pequena produção caseira de cerveja artesanal, fundando Cervejaria Alpen Bräu.


Produzindo boas cervejas, a clara Victoria e a escura Bock, logo passou a atender uma clientela que se estendeu ao comércio e sociedades da região de Altona e região central de Blumenau.

Na época produzia-se duas vezes por semana um lote de 1.200 garrafas, Heinrich trabalhou neste ramo até o ano de 1928 e dois anos após, em 1930 faleceu.

Com o seu falecimento, Henrique Feldmann Junior, seu filho nascido em 1900 assumiu a indústria.

Nesta época aparece um alemão, o senhor Willy Kranapehl que o ensina a fabricar licores, por isso o nome Kranapehl aparece em diversos rótulos, este senhor logo volta para a Alemanha.

A tradição familiar teve continuidade anos mais tarde, em 1941, com Claus Ernst Johann Feldmann, nascido em 15 de maio de 1886, irmão mais velho de Henrique Feldmann Júnior, que aluga a cervejaria para posteriormente comprá-la. Adquiriu também a fábrica das cervejas Malta e Massarandubense, que acredito ter sido pertencentes à firma Hein & Bauer (vejam a semelhança entre os rótulos da Cerveja Malta) existente no distrito de Massaranduba.
  

Em seu auge, a fábrica produzia 2,5 mil garrafas por semana feitas por Claus e seu filho Erich. Sua última produção de cerveja aconteceu em 1954.

A localidade de Massaranduba em 1943 passou a se chamar Vila Itoupava.


Em 1958, Alfred, filho de Claus nascido em 25 de julho de 1917, assumiu a cervejaria que já não mais fabricava cerveja, passando a produzir somente licores e bitter. Ainda fabricava gasosas sem álcool, os conhecidos refrescos de framboeza, laranja, limão, gengibre e guaraná especial que Alfred usava os rótulos já existentes e colocava por cima o nome dele, os refrescos de coco e pêssego não tinham rótulo.

Em 3 de julho de 1963, falece Claus e na década de 70 falece Henrique.

E assim, em 1978, a Cervejaria Feldmann deixou de exercer as suas atividades, pois a modernidade e a concorrência de novos produtos que entravam no mercado fizeram crescer as exigências por maiores investimentos para a aquisição de maquinário moderno e de produção em larga escala. Alfred Feldmann, seu proprietário não pode acompanhar este crescimento, temendo assumir empréstimos bancários optou por encerrar as atividades da fábrica, passando a fazer parte da história de um ramo comercial que marcou época, principalmente na região de Blumenau e cidades vizinhas.

O acervo e o espaço da fábrica estiveram inativos por longos anos, mas com a criação do Centro Cultural da Vila Itoupava (parceria da Fundação Cultural de Blumenau e a Empresa Momento Engenharia Ambiental), foram restaurados, ampliados e revitalizados para proporcionar à comunidade uma área de educação ambiental e patrimonial. Aberto para visitação em dezembro de 2004, o acervo do Centro Cultural é constituído por maquinários, material diversificado da antiga Cervejaria e também doações de utensílios que faziam parte do cotidiano do agricultor que viveu e vive nesta região.

sábado, 11 de junho de 2011

Carlo Fornaciari & Filhos / Cervejaria Rhenania / S/A Cervejaria Polar



Juliana Gouthier - Jornal Pampulha
Selena Duarte Lage e Lage


Belo Horizonte ainda não era nascida, era um arraial, mas já tinha a sua fábrica de cerveja e gasosa, foi assim que entre ruidosas e justas comemorações a cidade viu nascer, no dia 12 de dezembro de 1897, em ato público soleníssimo, presidido pelo Dr. Crispim Jacques Bias Fortes, a nova capital de Minas. Cidade recém-nascida que, após a inauguração, passou a se chamar oficialmente Cidade de Minas e que só viria a se chamar Belo Horizonte em 1901.

A fábrica de cerveja começou a funcionar um pouco antes, no mesmo ano da inauguração da nova capital, em 1897, o empreendimento foi uma iniciativa do italiano Carlo Fornaciari, da região da Toscana, que em 1894 mudou-se para o então Arraial de Curral del Rei (depois Arraial de Belo Horizonte), onde estava sendo construída a nova capital mineira.

Carlo Fornaciari junto com seus filhos Ulysses e Modesto, montaram a empresa Carlo Fornaciari & Filhos, Cervejaria Rhenânia, com produção de cerveja, chope e gelo, na região da Rua Sergipe com Timbiras.

"Contando com um capital inicial de 45:000$000,00 (quarenta e cinco contos de réis) esta marca viria a ficar logo conhecida pela excelência do produto. Os Fornaciari também passaram a produzir gelo", registra o livro "100 Anos da Indústria em Belo Horizonte", coordenado por Moema Moreira Gontijo. Mensalmente, eram produzidas cerca de 18 mil garrafas de diferentes tipos de cervejas: Rhenânia (pilsen e munchen); Hamonia (preta e branca) e Victória.
  
  

No início do século XX, a prefeitura concedeu um terreno para a construção da nova fábrica na Avenida Oiapoque (onde é atualmente o shopping Oiapoque) através da política de incentivo ao desenvolvimento industrial implementada pelo governo municipal, em 1902. A nova sede da indústria, uma "construção arrojada e monumental", foi equipada com "o que havia de mais moderno em maquinário e tecnologia".
As primeiras edificações do conjunto foram concluídas em 1910. O projeto é de 1908, de autoria do arquiteto italiano Luiz Olivieri, bastante atuante na recém criada Belo Horizonte daquela época.

Carlo Fornaciari logo instala a Cervejaria Rhenânia no novo prédio, deixando o sobrado da praça da Igreja da Boa Viagem na esquina da Rua Sergipe com a Rua Timbiras que abrigou, a primeira cervejaria de Minas Gerais, a Cervejaria Rhenânia, transformou-se em um armazém de secos e molhados. Em 1959 o então "Bar da Esquina" voltou a alimentar os boêmios e mais tarde ficou conhecido como "Clube da Esquina". o local é bastante agradável, ambiente claro, amplo. A decoração é simples, sem ornamentações, mas muito bonita. A casa passou por um período de decadência no final da década de 90. Foi quando o ator e músico Marcelo Galery fez um trabalho de recuperação de estrutura e arquitetura do sobrado e devolveu um ar de nostalgia à casa. O Clube da Esquina participou do Comida di Buteco 2002, concorrendo com a "Carne de panela Manoel Sapateiro". O bar já foi frequentado por famosos como Milton Nascimento, o ex prefeito Patrus Ananias e Murilo Rubião.


Ainda segundo o livro, "a Rhenânia entrou em operação em suas novas instalações, produzindo cerveja, chope e gelo". Naquela década, a empresa chegou a ser a quarta fábrica de cerveja do Brasil. Com o sucesso do empreendimento, Carlos Fornaciari, que já trabalhava com os filhos, contou também com a ajuda de parentes que vieram para o Brasil para se dedicarem à indústria de refrigerantes em Belo Horizonte. Como foi o caso do seu irmão, Giocondo Forniciari que associado aos filhos Alladino, Italo e Marino investiram na produção de refrigerantes, como o Guaraná União e as sodas Limonada, Delícia e Soberana.

A Rhenânia foi vendida em 1922, passando a funcionar no local a então recém-fundada Cervejaria Polar.

  

Por sua vez, a Rhenania agora Cervejaria Polar foi vendida em 1928 para a Companhia Antarctica que constituiu em 23 de abril desse ano a filial independente Companhia Antarctica Mineira.
  

Ao longo do tempo, o conjunto passou por diversas reformas e acréscimos, especialmente nas décadas de 1930 e 1940. Entretanto, seus edifícios ainda guardam a volumetria original e, presentes em sua maioria, as características do estilo eclético com ênfase para os referenciais da arquitetura neoclássica, sendo um dos poucos remanescentes da arquitetura para fins industriais do início do século XX.

Não foram encontradas informações sobre quando o conjunto de edificações da Indústria de Bebidas Antárctica ficou inutilizado. Em 2000, descobriu-se que o conjunto se encontrava em avançado processo de demolição, principalmente de suas partes internas, tendo sido retirada boa parte das coberturas dos prédios. Internamente o conjunto se encontrava praticamente em estado de ruína.
Como as demolições, de acordo com os pareceres técnicos, não foram suficientes para implicar na perda das principais características arquitetônicas do bem, em 2001 o CDPCM-BH deliberou o tombamento com diretrizes especiais de proteção e projeto (Deliberação Nº 004/2001). Em 2002, o imóvel foi arrematado em leilão pelo empresário Mário Valadares que, em parceria com a prefeitura de Belo Horizonte (através do projeto da prefeitura denominado Centro Vivo), foi criado o shopping popular que tem por objetivo organizar a economia informal movimentando os que trabalhavam nas ruas da região para o interior de um estabelecimento único, de modo a oferecer para a população maior segurança, manter limpa a área central e despoluir visualmente as ruas e avenidas do centro da cidade.

O Shopping Oiapoque iniciou suas atividades em 4 de agosto de 2003.