sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Sociedade Anônima Companhia Paulista de Cervejas Vienenses / Brauerei Schwechat Aktienges Ellschaft


Imagens dos rótulos cedidas pelo colecionador Paulo Antunes Júnior

Em 23 de junho de 1951, reuniram-se em assembléia com o fim de constituírem definitivamente a Sociedade Anonima Companhia Paulista de Cervejas Vienenses e para apreciação e votação do laudo pericial de avaliação dos bens com que os fundadores: Brauerei Schwechat Aktienges Ellschaft, Friederich Weber e Wilhelm Karl Franz Menzl integrariam a sua subscrição de ações de constituição da sociedade anônima em organização. Tendo os presentes, de comum acordo, aceitado a avaliação dos bens que se encontram encaixotados em Linz, Danúbio e Aschach na Áustria, formando estes bens um maquinário completo e dos mais modernos para fabricação de cerveja no valor de Cr$23.425.000,00 (vinte e três milhões e quatrocentos e vinte cinco mil cruzeiros).

O capital da sociedade foi constituído por 30.000 ações no valor de Cr$1.000,00 cada uma, subscrito pelos seguintes sócios: Paulo Cochrane Suplicy, brasileiro, com 3.200 ações; Nelson e Wilson – Administração de Bens Ltda. sociedade comercial representada por seu diretor Nelson Mendes Caldeira, com 3.200 ações; Brauerei Schwechat Aktienges Ellschaft, representada por seu procurador George Mautner Von Markhof, austríaco, com 11.000 ações; Fritz (Friederich) Weber, austríaco, com 6.000 ações; Wilhelm Karl Franz Menzl, austríaco, com 6.425 ações; Thomas C. Simonsen, brasileiro, com 75 ações; Arnaldo D’Ávila Florence, brasileiro, com 100 ações, perfazendo, assim, o valor de Cr$30.000.000,00 (trinta milhões de cruzeiros).

Levaram dois anos entre 1951 e 1953 para a escolha e a implantação da cervejaria, o que conduziu os empresários a instalar a Companhia Paulista de Cervejas Vienenses em Agudos e não em outra cidade, foram os fatos dos austríacos fornecerem toda a tecnologia e a transferência do equipamento de uma cervejaria austríaca. Em contrapartida, demandavam a aquisição de terras que tivessem mananciais de águas com características que permitissem a fabricação de uma cerveja idêntica à que faziam na Áustria, a aquisição de áreas anexas onde pudesse ser construída uma vila residencial para os empregados e implantadas florestas de eucalipto em quantidade suficiente para abastecer, com lenha, as caldeiras da fábrica. Para encontrar esse local, os austríacos utilizaram um dos seus principais técnicos, o Dr. Fritz Weber, que realizou os levantamentos percorrendo várias regiões do Estado de São Paulo, o que o conduziu à cidade de Agudos. No tempo em que ficou em Agudos, o Dr. Weber visitou vários mananciais, em vários municípios da região, até se encantar com as águas do Rio Pelintra, cuja nascente e a totalidade do seu leito ficam em Agudos. Foram feitas muitas análises e cálculos que embasaram os argumentos do Dr. Weber e conduziram a diretoria da Vienenses a decidir pela instalação da cervejaria no interior do Estado e não na capital ou próximo dela como era o desejo de diretores e acionistas. As áreas foram então adquiridas, com a intermediação do prefeito Padre Aquino e do Sr. Celso Morato presidente da Câmara de Vereadores, viabilizando a implantação do projeto.

As máquinas e equipamentos chegaram, pelos vapores Oaasterland e Afaastland, durante o mês de outubro de 1951.

Em 28 de janeiro de 1952, através de assembleia geral extraordinária, eleva seu capital de Cr$30.000.000,00 (trinta milhões de cruzeiros) para Cr$80.000.000,00 (oitenta milhões de cruzeiros.

Em 20 de novembro de 1953, foi iniciada a venda do primeiro produto desta companhia, a cerveja Vienense.

Em 30 de janeiro de 1954, transfere sua sede social da capital para o Munício de Agudos, local de sua fábrica.

Relatório da diretoria publicado no Diário Oficial da União (DOU) em 09 de maio de 1954
“...Recebida com extraordinário sucesso em todo o estado de São Paulo, graças as suas excepcionais qualidades de cerveja leve, pura e genuína. Tal foi o seu êxito que a cervejaria vem encontrando dificuldades para atender ao volume de pedidos formulados.
Considerada a cervejaria mais moderna instalada no Brasil não foi possível conclui-la inteiramente durante o ano. Estão em fase final as instalações para a fabricação de refrigerantes, do gás carbônico e dos produtos derivados destinados a alimentação de gado. No primeiro semestre de 1954 tal produção deverá estar iniciada.
A elevação geral do custo de utilidades, as dificuldades inesperadas e supervenientes na edificação do parque industrial e a previsão de um desenvolvimento maior da fábrica dentro em breve fizeram com que os orçamentos iniciais fossem ultrapassados. Com a compra de 2000 alqueires para assegurar a posse das bacias dos rios: Pelintra, Bugre e Coxo indispensáveis para o abastecimento de agua, a construção de onze residências para técnicos, a estação de energia própria, o alto custo de construção resultante da especulação da praça sobre cimento, ferro e etc., o aumento dos estoques de matérias primas e vasilhames e sua majoração em face da nova politica cambial e outros. Fomos levados por tais razões a recorrer a financiamentos que nos foram concedidos prontamente pelo Banco do Brasil e importantes bancos de São Paulo...”

Em 31 de maio de 1954, através de assembleia geral extraordinária, eleva seu capital de Cr$80.000.000,00 (oitenta milhões de cruzeiros) para Cr$110.000.000,00 (cento e dez milhões de cruzeiros).

Em 9 de outubro de 1954 foi publicado no Diário Oficial da União (DOU) a ata da assembleia geral ordinária da Companhia Cervejaria Brahma, acontecida em 23 de setembro de 1954, onde foi comunicado aos acionistas pelo senhor presidente da Companhia, Heinrich Künning, terem chegado, a bom termo os entendimentos entabolados, já há algum tempo, com plena aprovação do Conselho Fiscal, junto à Companhia Paulista de Cervejas Vienenses S. A., de Agudos, em virtude dos quais subscrevera parte do aumento do respectivo capital social a fim de participar de forma eficiente no desenvolvimento e progresso da referida empresa. A assembléia geral, inteirada de todas as minúcias das negociações, ratifica, plenamente, os atos da diretoria.

E ainda nesse ano, 1954, a Brahma assume o controle acionário da Companhia Paulista de Cervejas vienenses, de Agudos - SP.

Em 26 de maio de 1961, a Brahma inaugura sua nova filial em Agudos - SP, com a incorporação da antiga Companhia Paulista de Cerveja Vienenses.



Aqui deveria terminar nosso relato, mas como podem ficar curiosos a respeito da cervejaria que, através de sociedade, proporcionou a construção de uma das maiores e mais modernas cervejaria da época.

Ação da Schwechat Brauerei

A cervejaria Schwechat foi fundada em 1632 por Peter Descrolier, em Frauenfeld (campo das mulheres), Schwechat, Viena. A cervejaria Schwechat foi destruída várias vezes e mudou de proprietários muitas vezes.

Em 22 de Outubro 1796 Franz Anton Dreher, cervejeiro com residência na cidade de Viena, comprou a cervejaria.

O filho de Franz, Anton Dreher assumiu a cervejaria em 1837. Em 1839, ele a transformou para baixa fermentação, o que marcou o desenvolvimento da cerveja lager. Em 1841, ele percebeu que o resfriamento era decisivo para a cerveja de baixa fermentação, passando a colocar a cerveja em uma grande adega com gelo armazenado.

Em 1848, foi o primeiro fabricante de cerveja na Áustria a utilizar um motor a vapor, o motor a vapor está agora em exposição no Museu Técnico de Viena.

Posteriormente, o império da cervejaria Dreher foi se estendendo por meio de aquisições de cervejarias existentes por todo o Império Austro-Húngaro. Entre elas estavam a cervejaria Michelob, perto de Saaz, adquirida em 1859; a cervejaria Steinbruch (fundada em 1854), em Budapeste em 1862 e a cervejaria Trieste em 1869.

A primeira máquina de refrigeração, que também foi a segunda máquina da Linde AG, foi montada em 1877, na cervejaria em Trieste.

Anton Dreher faleceu em 1863, após sua morte quem liderou a cervejaria foi o advogado Caetano Felder, tutor do jovem Anton Dreher Jr. até a sua maioridade em 1870. Caetano Felder depois foi prefeito de Viena.

Em 1905 a cervejaria foi transformada na sociedade anônima cervejarias Anton Dreher.

A cerveja "Schwechater Lager" fez com que a cervejaria se tornasse famosa. No início do século XX era a "cervejarias Dreher" a maior empresa de cerveja do mundo. Em 1913, a Anton Dreher Brauerei AG (Cervejaria Anton Dreher S/A) fundiu-se com a cervejaria St. Marx Adolf Ignaz Mautner de Markhofgasse e com a cervejaria Simmering, a fusão das três cervejarias criou a United Breweries Schwechat.

Após a morte de Anton Dreher Jr., em 1921, o único herdeiro era o neto de oito anos de idade, Oskar Dreher e por disposição testamentária, o filho mais velho de Anton Dreher, Eugene Anton Dreher (nascido em 1871), foi eleito Presidente da United Breweries. Pouco tempo depois, em 1925, morreu Eugen Anton Dreher, a gestão da empresa passou a ser feita por um parente de Anton, Eugene Turner, que imediatamente vendeu a totalidade das ações da cervejaria a um consórcio de bancos, fazendo com que se tornasse o maior acionista da Companhia e Richard Schoeller seu vice-presidente.

Em 25 Fevereiro de 1926, em Abbazia, ocorreu a morte de Oskar Dreher, aos doze anos de idade.

A partir de 1927 e 1928 novas fusões e aquisições de cervejarias foram feitas tais como as aquisições da cervejaria Hütteldorfer, a cervejaria Jedlesee e a cervejaria Waidhofen.

. Em 1935, a família Mautner Markhof adquiriu as quotas do último herdeiro da família Dreher e passou a deter a maioria das ações da empresa. Um ano depois, a United Breweries fundiu-se com a cervejaria St. George.

Devido à escassez de matérias primas, durante a Segunda Guerra Mundial, pouca cerveja lager foi produzida. No entanto, no último ano da guerra, em 1945, a cervejaria Schwechat foi em grande parte destruída. Pela primeira vez em 1 Setembro sob a direção de Manfred Mautner Markhof sen. (1903-1981) começou a reconstrução da cervejaria.

Em 1949, seu filho Manfred "MMM" Mautner Markhof Jr (1927-2008) passou a fazer parte da Cervejaria Schwechat e foi nomeado para o Conselho em 1957.

Em 1950, a cervejaria Schwechat adquire a Cervejaria Nossdorf, desmantela as instalações de produção e empacota para serem enviadas para o Brasil.

Ação de 1940 da Nußdorf Brauerei

sexta-feira, 15 de novembro de 2013

Fábrica de Cerveja Princeza Imperial / Cervejaria Princeza / S.A. Companhia Cervejaria Princeza / Cervejaria Princeza Ltda.


Baseado no Almanak Laemert e em notícias de vários jornais
Imagens dos rótulos cedidas pelo colecionador Paulo Antunes Júnior



Em 1882, é inaugurada a Fábrica de Cerveja Princeza Imperial de propriedade da firma Alves, Bastos & Peixoto, formada pelos sócios: Paulo de Souza Alves, Antônio Soares da Gama Bastos e Antonio Peixoto Cavalcante D'Ourem, situada na Rua Visconde de Itauna 13, Praça Onze, RJ.
Em 1884, com a saída dos sócios Paulo de Souza Alves e Antônio Soares da Gama Bastos, que juntos adquiriram a Fábrica de Cerveja Glória, desfez-se a sociedade e foi criada uma nova sociedade: Peixoto, Guimarães & Cia, composta pelos sócios: Antonio Peixoto Cavalcante D'Ourem, José Teixeira da Costa, Manoel Antônio Pereira Guimarães e Manoel Gomes Correa. Fabricam uma cerveja simples chamada Princeza e uma dupla chamada Berlim.

Em 20 de junho de 1891, o Jornal Diário de Noticias, publica que foi arquivado na Junta Comercial o contrato social da firma Peixoto, Guimarães & Cia, para fabricação de cerveja com o capital de 60:000$000.

Em 1895,com a saída dos sócios: Antonio Peixoto Cavalcante D'Ourem e José Teixeira da Costa, passa a ser responsável pela cervejaria a firma Pereira Guimarães & Correa formada pelos sócios remanescentes: Manoel Antônio Pereira Guimarães e Manoel Gomes Correa

Em 1899, com a saída do sócio Manoel Gomes Correa é criada uma nova firma, P. Guimarães & Cia, formada pelos sócios: Manoel Antônio Pereira Guimarães, Zeferino José da Costa e Joaquim Ferreira Souto Júnior. Nesta época continuam a fabricar as cervejas Princeza e Berlim e passam a fabricar a cerveja Bock Bier.
Em 15 de setembro de 1902, é registrada a Cerveja Princeza, pela firma P. Guimarães & Cia, sob o nº 3434 da Junta Comercial do Rio de Janeiro.

Em 1904, aparece no Almanak Laemert, pela primeira vez, a cerveja Black Princess.

Em 22 de setembro de 1906, é registrada a Cerveja Black Princess, pela firma P. Guimarães & Cia, sob o nº 4873 da Junta Comercial do Rio de Janeiro.

Em 1907, com a saída do sócio Joaquim Ferreira Souto Júnior é criada uma nova firma, P. Guimarães & Costa, formada pelos sócios: Manoel Antônio Pereira Guimarães e Zeferino José da Costa.

Em 1908, com a saída do sócio Joaquim Manoel Antônio Pereira Guimarães é criada uma nova firma, Zeferino José da Costa sucessor de P. Guimarães & Cia e P. Guimarães & Costa, formada tão somente por Zeferino José da Costa.

Em 2 de julho de 1908 é feita a transferência das marcas Princeza e Black Princess da firma P. Guimarães & Costa para Zeferino Jose da Costa.

Nesse ano a firma conta com o capital de 100:000$000 aparelhada com os mais aperfeiçoados maquinismos, a sua produção está calculada em 1.500.000 garrafas/ano e destacam-se entre seus diversos produtos as cervejas: Princeza branca, Dupla branca, Africana Brau e Black Princess, a fábrica conta com cerca de 30 funcionários.

Em 8 de maio de 1910, o Jornal do Comércio publica o deferimento na sessão de 22 de abril de 1910 da Junta Comercial do Rio de Janeiro, do contrato social de Zeferino José da Costa e Oscar Ribeiro Alves para o fabrico de cerveja à Rua Visconde de Itaúna 29 e 31 com o capital de 100:000$000 (cem contos de reis) sob a firma Zeferino José da Costa & Cia.

Em 4 de julho de 1910, Zeferino José da Costa & Cia, registra a cerveja branca Princeza, sob o nº 6752 da Junta Comercial do Rio de Janeiro.

Em 30 de janeiro de 1911, Zeferino José da Costa & Cia, registra a cerveja Black Princess, sob o nº 7046 da Junta Comercial do Rio de Janeiro.

Em 9 de maio de 1919, Zeferino José da Costa & Cia, registra a cerveja Foot-Ball Beer, sob o nº 14188 da Junta Comercial do Rio de Janeiro.

Em 12 de julho de 1920, é feita a transferência das marcas Princeza, Black Princess e Foot-Ball, de Zeferino José da Costa & Cia, para seu sucessor Zeferino José da Costa.

  

Em 1929, a cervejaria passa a pertencer à Freire d'Almeida & Cia, firma composta por Francisco Freire d'Almeida e Affonso Freire d'Almeida.
  
Em 2 de setembro de 1931, Domingos Moreira da Costa, Manoel Alves Teixeira, Luiz Antonio Machado, Joaquim Ferreira, Joaquim Ribeiro, Carlos de Souza, Francisco Freire d'Almeida e Affonso Freire d'Almeida resolveram de comum acordo formar uma sociedade para o fim especial da constituição definitiva de uma sociedade anônima para a exploração do fabrico e comercio de cerveja de alta fermentação e bebidas congêneres, o capital inicial será de mil contos de reis (1.000:000$000), representados por dez mil ações no valor nominal de 100$000(cem mil reis) cada uma, sendo incorporada a fábrica de cerveja de propriedade de Francisco Freire de Almeida e Affonso Freire de Almeida (Freire D'Almeida & Cia) avaliada em novecentos contos de reis (900:000$000) recebendo o seu valor em ações. Os ditos senhores subscreveram açóes no valor dos seus pagamentos e mais novecentos e noventa e quatro ações, ficando assim distribuídas: Francisco Freire d'Almeida, subscritor de 9.894 (nove mil oitocentos e noventa e quatro) ações; Affonso Freire d'Almeida, subscritor de 100 (cem) ações, e Carlos de Souza, Joaquim Ribeiro, Joaquim Ferreira, Luiz Antonio Machado, Manoel Alves Teixeira e Domingos Moreira da Costa, subscritores de 1 (uma) ação cada um; ao todo oito pessoas, e que terá a denominação de Sociedade Anonima Companhia Cervejaria Princeza.
Em 16 de setembro de 1931, através do decreto 2040, a sociedade é autorizada a funcionar na República.

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Em maio de 1936 é instalada uma filial com fabrico próprio em Niterói, Estado do Rio de Janeiro, à rua Visconde do Uruguay, 483, denominada Fábrica de Cerveja Baronesa.

Em 1938, a Cervejaria Princeza mudou para a Rua Licínio Cardoso, 339, no bairro do Rocha.
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Foi uma mudança necessária pois estava no caminho da construção do que viria a ser a avenida Presidente Vargas. Toda grande cidade precisa de uma grande avenida, certo? No Rio de Janeiro uma só não bastou, a grandiosidade da construção da Avenida Presidente Vargas, no início dos anos 40, mudou o perfil do Centro. Com 80 m de largura arrasou quarteirões habitados, casas de negócios e quatro das mais antigas igrejas do Rio.

Em 1941, começaram as demolições, que desalojaram centenas de famílias e que acabariam por derrubar 525 prédios pertencentes a quatro ruas: General Câmara, Visconde de Itaúna, de São Pedro e Senador Euzébio, entre eles algumas construções históricas, como as igrejas de São Pedro dos Clérigos e de São Joaquim. As demolições fundiram as quatro ruas numa só via para a construção da avenida. Foram demolidos os quarteirões que formavam o lado par da Rua General Câmara tradicionalmente conhecida como Rua do Sabão e a designação devia-se à localização em um de seus trechos do armazém de sabão aonde a população do Rio colonial ia se abastecer desse produto, no tempo em que o monopólio de fabricá-lo e vendê-lo pertencia, sempre, a um amigo do Rei português ou a um de seus ministros. Esse nome serviu para designá-la até 1870, quando a Câmara Municipal mudou o seu nome para General Câmara, em homenagem ao vencedor do combate do Serro Corá que, com a morte de Lopez, pôs fim à Guerra do Paraguai. E, ao longo do Canal do Mangue, os quarteirões que formavam o seu prolongamento, além do Campo de Santana, denominada pelo povo de Rua do Sabão da Cidade Nova, também rebatizada de Visconde de Itaúna até a Ponte dos Marinheiros. Pelo outro lado foram demolidos os prédios do lado ímpar da Rua de São Pedro e a sua continuação, além do Campo de Santana denominada Rua Senador Eusébio.

  
Rua Visconde de Itaúna em fase de demolição para a abertura da Av. Presidente Vargas (Vê-se o prédio da Central do Brasil ainda sem o relógio e, ao fundo, parte da Praça da República) - 1943.

Em 5 de janeiro de 1940, a assembleia geral extraordinária pôs em votação a necessidade de liquidar-se a filial estabelecida na vizinha cidade de Niterói, em virtude de não apresentar a mesma resultados relativos ao esforço ali empregado, o que evidentemente prejudica a sociedade. Sendo aprovada unanimemente a venda pela melhor oferta, livre e desembaraçada, da filial mantida pela sociedade à rua Visconde do Uruguai, número quatrocentos e oitenta e três, em Niterói, Estado do Rio, denominada Fábrica de Cerveja Baronesa, com todos os seus maquinários, móveis, utensílios, vasilhames, dois caminhões, mercadorias, marcas que na mesma existiam ao tempo de sua aquisição e contrato de arrendamento do prédio onde está localizada a dita fábrica; e ainda, se assim convier a sociedade vender a marca registrada "Batuta"

Em junho de 1940 já havia sido vendida a fábrica de Niterói e a marca Batuta para a Companhia Cervejaria São Francisco.

Em 29 de dezembro de 1972, o Jornal do Brasil anuncia que a Cervejaria Princeza amplia instalações, com uma experiência calcada em 92 anos de trabalho que lhe dão o direito de ser considerada a fábrica de cervejas pretas mais antiga do Brasil, a S.A. Companhia Cervejaria Princeza está agora ampliando o seu parque industrial para modernizar o fabrico e a apresentação de seus produtos. Em suas instalações fabris da Rua João Rodrigues, em São Francisco Xavier, (foto) a empresa instalou um complexo industrial dos mais modernos, equipado com as máquinas mais atualizadas na sua especialidade, para aperfeiçoar, ainda mais, as suas técnicas de fabricação. Entre os produtos que distribui, ao mercado, a Cervejaria Princeza tem a Bib Hop, cerveja preta em tamanho pequeno vendida em garrafas one way, que pela sua sofisticação agradou em cheio à faixa dos jovens consumidores e a Black princess tradicional cerveja preta que figura como a mais consumida pelos que gostam de cerveja deste gênero e que, dentro de mais 30 dias estará sendo apresentada numa embalagem inteiramente nova. Na linha dos refrigerantes, onde se destaca o guaraná, considerado da mais alta qualidade, a Cervejaria Princeza produz ainda, a soda e a água tônica, ambas com grande aceitação.

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Em 20 de outubro de 1988, o jornal A Folha de São Paulo anuncia que a Cervejaria Princeza está relançando a cerveja Black Princess em embalagem One Way, a empresa optou também por diversificar suas atividades prestando serviços a gigante norte americana Procter & Gamble e engarrafando o refrigerante Crush. Para viabilizar estes projetos a empresa investiu US$ 1 milhão (Cz$ 418,5 milhões no cambio oficial), 50% foram canalizados para o engarrafamento do Crush e o restante na duplicação da capacidade de produção da Black Princess.

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Em 21 de março de 1995, o Jornal do Brasil noticia o lançamento da cerveja Basel, o objetivo da Princeza é abocanhar 2,5% do mercado carioca de cerveja clara de 800 milhões de litros, vamos dobrar o faturamento diz o presidente da companhia, Paolo Tocci, a Princeza faturou US$2,5 milhões, 75% dos quais obtidos com a venda da Black Princess.

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Em 10 de abril de 1997, o Jornal do Brasil anuncia que a cervejaria Princeza vai investir R$300 mil no lançamento da nova versão da Cerveja Preta Black Princess, responsável por todo o faturamento da empresa, a partir de agora a cerveja no consumidor na versão da tradicional garrafa de 600ml e na versão descartável long neck de 300ml. A cervejaria está investindo R$1 milhão na divulgação da marca. Com um quadro de 52 funcionários a fábrica acabou com a linha de produção de refrigerantes e vinhos compostos, passando a investir pesado na Black Princess. A Princeza planeja ainda a construção de uma nova fábrica na baixada fluminense ao custo de R$10 milhões e o lançamento de uma cerveja clara em condições de competir no mercado.

Em 28 de outubro de 1998 foi deferido o pedido de concordata preventiva.

Em 18 de abril de 2000 foi decretada a falência.

Em 16 de julho de 2007 foi à leilão, dos bens arrecadados nos autos da massa falida, as marcas Black Princess, Sul Americana, Princeza, Basel e Sul América no valor R$ 15.000,00 (quinze mil reais), sendo atualizado na data para R$ 16.348,68 (dezesseis mil, trezentos e quarenta e oito reais e sessenta e oito centavos).

quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Fábrica de Cerveja N.Sa. da Glória / Fábrica de Cerveja Glória


Baseado nos sites: Novo Milenio e Almanak Laemert
Imagens dos rótulos cedidas pelo colecionador Paulo Antunes Júnior

A ermida de Nossa Senhora da Glória do outeiro, no bairro do Catete, Rio de Janeiro, foi erguida pelo ermitão Antonio Caminha em 1671, ficando-lhe por detrás algumas casas para romeiros, com o correr do tempo, necessitando a ermida de consertos foi de novo reconstruída no início do século XVIII. A obra da Igreja da Glória do Outeiro, iniciada a partir de 1713, levou à abertura de uma pedreira em local próximo, no Morro da Nova Sintra, esse local passou a ser denominado "Pedreira da Glória", por fornecer as pedras usadas na construção da Igreja, para isso foi necessária a transformação do caminho que levava à ermida em rua que foi chamada de Rua da Pedreira da Glória, atual Rua Pedro Américo. A atividade na pedreira estimulou a ocupação da área fazendo aparecer novas ruas e a serem construídos prédios residenciais e comerciais.


Rua Pedro Américo e vendo-se a pedreira no final da rua

Em 1864, Aparece pela primeira vez no Almanak Laemert a Fábrica de Cerveja N. Sª. da Glória, de propriedade de Joaquim Antonio Teixeira, situada na Rua da Pedreira da Glória 21, Catete, RJ.

Em 1866, no Almanak Laemert, além do endereço da fábrica aparece o endereço do escritório na Rua D’Alfandega 62, nesse mesmo ano os produtos de sua fabricação receberam prêmios na Exposição Nacional.

Em 1878, o endereço do escritório passa a ser Rua Marquês de Abrantes 27.

Em 1885, o nome é mudado para Fábrica de Cerveja da Glória e passa a pertencer aos antigos proprietários da Fábrica de Cerveja Princeza Imperial, Paulo de Souza Alves e Antonio Soares da Gama Bastos, sob a firma Alves & Bastos.

Em 1886, a Rua da Pedreira da Glória passa a se chamar Rua Pedro Américo.


Em 1889, o nome da firma é mudado para Alves & Cia., passando Paulo de Souza Alves a ser o responsável único da cervejaria com a saída do sócio Antonio Soares da Gama Bastos.

Em 1890, os seus produtos tornam a ser premiados na Exposição de Chicago.

Em 1893, passa a pertencer a Adriano de Souza Albuquerque.

Em 1896, passa a pertencer a Adriano de Souza Albuquerque e Joaquim Alves Ferreira, sob a firma Adriano & Ferreira.

Em 1899, com a saída do sócio Adriano de Souza Albuquerque, passa Joaquim Alves Ferreira a ser o único responsável pela fábrica de cerveja.

Em 1901, esta importante fábrica de bebidas foi adquirida pelo senhor Alfredo Ferreira Gomes Saavedra, de nacionalidade portuguesa aqui chegado em 1889, nascido em 2 de agosto de 1867, filho de Antonio Gomes Saavedra e Maria Gomes, casado com Julia Gomes Saavedra. O senhor Saavedra é também proprietário no Rio de Janeiro e faz parte de diversas instituições pias, tanto portuguesas como brasileiras. Em 23 de junho de 1939, foi publicado no Diário Oficial da União (DOU) que pela portaria de 15 de junho de 1939, o senhor Saavedra foi declarado cidadão brasileiro.

A aquisição da cervejaria foi feita em sociedade com os interessados: Manoel Figueiredo Pinto e Antonio Pereira Peres.

Em 3 de novembro de 1904, é registrada a cerveja Avenida sob o nº 4129 da Junta Comercial do Rio de Janeiro.
  

Em 1905, com a saída dos sócios interessados: Manoel Figueiredo Pinto e Antonio Pereira Peres, passa a responder sozinho pela cervejaria o senhor Alfredo Ferreira Gomes Saavedra.

Em 11 de novembro de 1906, é registrada a cerveja Gloria Branca sob o nº 4897 e neste mesmo dia registra a cerveja Gloria Parda sob o nº 4898 da Junta Comercial do Rio de Janeiro.

Em 12 de janeiro de 1907 é anunciada, no jornal Rio Nú, a reinauguração da fábrica de cerveja do Sr. Saavedra no último sábado, dia 5.

Em 1920, a Cervejaria Gloria passa a pertencer a Oscar Vieira & Cia. Em 27 de março, o Jornal O Paiz publica a constituição de uma nova sociedade composta pelos sócios solidários Oscar Vieira de Mello Ferreira, Arthur Adolpho da Silva Schiappe, Antônio Luiz Ribeiro e Luis Governo de Souza, para o comércio de álcool e aguardente em grosso, fabricação de cerveja e bebidas hydroalcoólicas e negócios que convenham, à Rua Pedro Américo 27, com o capital de 250:000$000 (duzentos e cinquenta contos de réis).


Em 14 de outubro de 1920 o Diário Oficial da União, DOU, publica a transferência dos registros dos diversos produtos de Alfredo F. Gomes Saavedra para seus sucessores Oscar Vieira & Cia.

Em 1922, a produção mensal deste estabelecimento é de 50.000 litros de bebidas diversas e 100.000 litros de cerveja. Produz ainda, conhaques, vermutes, fernets, genebras, aniz, laranjinha especial, licores, bitters, xaropes para refrescos, aperitivo americano etc. Fabrica também em grande escala vinagres, brancos e tintos. Em seus depósitos, há sempre grande estoque de cevada, lúpulo, rolhas e cola para fabrico de cerveja, e todos os artigos necessários ao mesmo ramo de negócio.

Tem concorrido a diversas exposições, e sempre os seus produtos foram distinguidos, uns com diversas medalhas de ouro, outros com menções honrosas. Esta casa importa diretamente da Europa todos os artigos, bem como a matéria-prima necessária à manipulação de seus produtos. As suas vendas são feitas na capital e em todos os estados da União, onde a casa mantém representações permanentes.

  

Em 4 e 5 de agosto de 1927, os jornais anunciavam um trágico acontecimento, por volta das 19 horas do dia 3 de agosto, o Senhor Oscar Vieira de Mello Ferreira pôs fim à vida com um tiro no ouvido direito, tendo sido atribuído à esse acontecimento um insucesso de negócio resultante da baixa do preço do açúcar que lhe acarretou grande prejuízo. O comerciante vinha mantendo com outros o que se chama na praça de "corner" fazendo com que esse sistema provocasse a alta do açúcar, que foi de 42$ para 77$, acontece que com a abundancia da safra o mercado recebeu um grande suprimento que causou em consequência a baixa. A firma Oscar Vieira & Cia e outras a ela ligadas tiveram um grande prejuízo pois tinham em estoque mais de 250.000 sacas de açúcar.

O senhor Oscar Vieira era brasileiro, natural de Pernambuco, contava 48 anos de idade e deixa viúva a Dª. Angelina Vieira de Mello Ferreira.

Em 28 de novembro de 1927, a firma Oscar Vieira & Cia entra em concordata, em função das dívidas do açúcar e em 24 de fevereiro de 1928 entra em liquidação extinguindo-se a sociedade.

Em 2 de maio de 1929, faz-se uma nova sociedade composta pelos sócios solidários: Arthur Adolpho da Silva Schiappe e Dr. Durval Rodrigues Cruz; e dos sócios de industrias: Antônio Luiz Ribeiro, Luiz Governo de Souza e Marcelino José Alves para o comércio de álcool e aguardente, à Rua Pedro Américo 21 a 27, com o capital de 500:000$000, sob a mesma firma, Oscar Vieira & Cia.

Em 27 de junho de 1929, o DOU publica o requerimento do pedido de renovação do registro da cerveja Bier Black na Junta Comercial do Rio de Janeiro.

Em 11 de junho de 1930, são registradas por Oscar Vieira & Cia as cervejas preta: Cachopa e Garota sob os nºs 17288 e 17289 e é feito o pedido de renovação da cerveja Preta Gloria, sob o nº 17290 da Junta Comercial do Rio de Janeiro.

A tragédia parece acompanhar a cervejaria, em 12 de agosto de 1931, o Jornal do Brasil noticia o falecimento de três trabalhadores na Fábrica de Cerveja Glória, na Rua Pedro Américo 27, quando faziam a calafetagem em uma dorna (tonel) de mais de dois metros de altura. Os funcionários faleceram em função dos gases emanados dos produtos que utilizavam, breu e parafina, que entraram em combustão, sem poderem sair acabaram por falecer.

Em 27 de maio de 1933, é registrada a cerveja preta Minho, sob o nº 26221 da Junta Comercial do Rio de Janeiro.

Em 27 de maio de 1939, falece o sr. Antônio Luiz Ribeiro.

Por volta de 1944,isto é por cerca de 80 anos, esta fábrica ainda funcionava no mesmo endereço.