quinta-feira, 3 de novembro de 2016

Estevão Buschle / Fábrica de Bebidas Viuva Emilia Buschle / Kahlhofer & Buschle Irmãos / Companhia Fabril Polaris / Buschle & Irmãos




Stephan Matheus Buschle, nasceu na cidade de Tutlingen, no estado de Baden Württemberg, na Alemanha, estudou em Beuren, na Alemanha e na Suiça, farmacêutico, químico e comerciante, chegou da Alemanha em 1896.

Casou em 1º de fevereiro de 1898, com Emilie Buschle (em solteira Krüger) nascida em 8 de maio de 1878 em São José dos Pinhais-PR, e dessa união nasceram onze filhos: Maria Luiza (1899), Theodoro Guilherme (1900), Ewaldo Antonio (1902), Alfredo Mateus (1903), Ermelinda Aurélia (1905), Maria Cecília (1907), Maria Aloysia (1909), Amália Maria Theresia (1912), Maria Mathilde (1914), Paulo Hilário (1916) e Ludovico Balthasar (1918). Os seis primeiros filhos nascidos em Campo Alegre-SC e os cinco últimos em São Bento do Sul-SC

Em 1908 se radicou em São Bento do Sul-SC, depois de passagens por Salvador, Desterro (Florianópolis), Blumenau, Joinville e Campo Alegre e ter residido por três anos no Rio de Janeiro.

Em 1911 estabeleceu inicialmente uma empresa com a finalidade de fabricação semi artesanal de medicamentos.
Em 1918, Estevão Buschle iniciou a construção de um imóvel, no qual instalou sua família que residia anteriormente no prédio da fábrica Buschle, essa construção foi interrompida pelo seu falecimento em 17 de setembro de 1918, às 12 horas, vítima de caquexia cancerosa. Devido a esse fato, quem concluiu a construção deste imóvel foi seu filho mais velho Theodoro Guilherme Buschle, que permaneceu ali com sua mãe Emilia e irmãos.

Com o seu desaparecimento é formada uma nova empresa, sucessora de Estevão Buschle, que passa agora a elaborar licores e bitters de forma comercial, sua viúva Emília consolida uma vitoriosa empresa que logo faria fama. A fábrica de licores iniciada pela viúva Buschle é a precursora da famosa fábrica de chocolates Buschle Irmãos que seria desenvolvida pelos filhos da pioneira. Sua lista de produtos, realmente admirável, incluía na época:
Licores de Rosas, Pimenta, Herva Mate, Hortelã, Cominho, Anis, Americano, Cherry Brandy e Cognac; Cremes de Cacao, Baunilha, Leite, Ovos, Framboeza e Creme Suzanna; Xaropes de: Limão, Guaco, Framboeza, Laranja, Abacaxi e Groselha; Aguardentes: Guarany e Cem anos; Bitters: hespanhol, Russo, Estomacal Magenhell e Boonekamp; Benedictina, Cognac anisado, Fogo Italiano, Fernet Milano, Gingibre Ipipermãn.

O Jornal A República de 28 de agosto de 1923 publica a relação dos premiados na Exposição Internacional do Centenário da Independencia, mostrando que os licores da Viuva Emilia Buschle havia recebido medalha de bronze.

Em 27 de maio de 1929, Emília Buschle vem a falecer e três de seus filhos: Theodoro, Ewaldo e Alfredo, passam a administrar os negócios, admitindo agora um novo sócio no empreendimento: Wenzel Kahlhofer, passando a empresa chamar-se Kahlhofer & Buschle Irmãos – Companhia Fabril Polaris.

      


Wenzel Kahlhofer era um capitalista dos tempos antigos, muito abastado. Era representante comercial local de muitas companhias de renome, agente de casas bancárias e proprietário de serrarias. Era forte no comercio de madeiras e erva mate. Na firma dos irmãos Buschle permaneceu por pouco tempo, até novembro de 1933.
Por volta de 1930 alugam as instalações da fábrica de cerveja de Ernesto Klaumann, além de fabricar cerveja, passam a produzir e engarrafar o refrigerante Crush a partir do xarope de laranja que compravam do detentor da marca nos EUA. Usavam água de uma fonte que nascia nos pés do morro que ficava aos fundos da fábrica. Esse refrigerante de sabor laranja era muito famoso na primeira metade do século XX. Foi a primeira soda sabor laranja a ser introduzida no mercado americano, por J. M. Thompson, de Chicago, em 1906. A Crush perdeu mercado e desapareceu com a expansão da Fanta pela Coca-Cola, em 1960. Aqui em São Bento foi produzida por mais de uma década desde 1931, até 1942 pouco mais pouco menos, pois durante a guerra cessou temporariamente a importação do xarope dos EUA e depois a firma Buschle Irmãos não retomou a produção.

A fabricação de cerveja foi descontinuada ainda antes, em 1932 ou 1933.

Por volta de 1935, Começa a fabricação de chocolates e bombons. Alguns produtos eram muito sofisticados na época e alcançaram relativa fama no mercado sul brasileiro, como os bombons de Rum, que tinham a bebida em seu interior ou o grandemente sofisticado “Torrão Milanês”, jamais igualado, até hoje. Produziam-se barras de chocolate muito bonitas, fundidas em formas com desenhos de temas natalinos e de páscoa, como papais Noel e coelhinhos, em relevo.

De maneira geral a firma Buschle Irmãos se dividia entre a parte comercial e a fábrica de chocolates e licores. O comercio era muito diversificado em todas as direções possíveis, pois ia da venda de secos e molhados a armarinhos, confecções, utilidades domésticas e material de construção. A parte fabril foi se concentrando na produção de chocolates e bombons. A produção de licores foi diminuindo até que foi encerrada em meados da década de 1960.

Em 1940 a empresa encomenda ao renomado escritório de arquitetura de Simão Gramlich, de Blumenau, um arrojado projeto para sua nova sede comercial. Era o mesmo arquiteto que projetou a igreja matriz da cidade. O prédio em estilo Art-Decó é uma das jóias da arquitetura são-bentense e ainda se conserva em nossos dias.

A administração técnica da firma Buschle Irmãos, desde o princípio, foi exercida por Alfredo Buschle, entre 1918 e 1973, sendo substituído dali por diante por Luis Hilgenstieler, este que ingressou menino na empresa, iniciando como ajudante geral na década de 1930. Hilgenstieler foi diretor técnico da empresa até o final, em 1995.

A administração comercial ficava a cargo de Theodoro Buschle, que exerceu a função entre 1929 e 1956. Depois o irmão Ewaldo Buschle passa a presidir a empresa até 1973 quando é substituído por Marcos Donato Buschle, da geração seguinte, visto que é filho de Alfredo.

Na década de 1970 a parte comercial de secos e molhados é transformada em supermercado. Ainda existe uma seção de materiais de construção, mas o comércio de armarinhos, confecções, utilidades, eletrônicos (basicamente rádios), bicicletas e eletrodomésticos é descontinuada. Administrada agora pela segunda geração a empresa passa a enfrentar problemas de gestão e males relacionados a uma estrutura tremendamente viciada.

Toda a indústria brasileira de chocolates passa a enfrentar provações terríveis. Essa tempestade vem da Bahia, principal centro de produção de cacau do país. Ocorre que uma eminência parda - conhecida como Ângelo Calmon de Sá, cacaueiro e banqueiro (Banco Econômico), foi guinado a Ministro da Indústria e Comércio. Guiado por seus próprios interesses, Calmon de Sá praticou uma modalidade terrivelmente predatória de dumping no mercado nacional de cacau. Através de seu Banco Econômico, arrematava enormes e caríssimos lotes de seu próprio produto para saturar o comércio de produtos com preços artificiais muito abaixo dos praticados por seus concorrentes. Isso desestabilizou gravemente a maior parte da indústria de chocolates do Brasil, alguns até à insolvência.

A Buschle Irmãos, que ainda tinha uma cota adicional dos seus próprios problemas decorrente de uma administração temerária por parte de seu novo presidente, não resiste às adversidades e caminha célere para seu próprio ocaso. No final da década de 1970 problemas de inadimplência e falta de matéria prima para a fábrica de chocolates começam a se suceder. Existe agora uma crise de identidade entre a parte comercial – o supermercado – e a industrial. A empresa Buschle & Lepper de Joinville, cujo maior acionista é o filho mais novo de Estevão e Emilia Buschle - Baltazar Buschle - tenta interferir e salvar a empresa fundada por sua família, mas foi um esforço inútil.

Em 1º de março de 1983 é decretada a falência da Buschle Irmãos Ltda. A massa falida é levada a dois leilões que acontecem em 1º de dezembro de 1995 e 20 de março de 1996. Neste último leilão a maior parte dos bens são arrematados pela família Rudnick, ligada a Móveis Rudnick, de Oxford.

segunda-feira, 24 de outubro de 2016

fabrica de cerveja santa maria / Santa Maria & Ribeiro / Santa Maria, Freire & Pinto / Lima, Alves & Cia / Lima & Torres / Napoleão Lima & Cia


Texto baseado em vários jornais de época e principalmente do Jornal das Moças de 23/12/1926.
Imagem dos rótulos cedida pelo colecionador Paulo Antunes Júnior


Em 1881, João Pereira de Santa Maria que havia deixado a antiga Fábrica de Cerveja Minerva, na Rua do Sacramento (atual Av. Passos) nº 12, no Rio de Janeiro, se estabelece com botequim e fabricação de cerveja em um pequeno prédio da Rua Luiz de Camões nº 42.


Em 26 de novembro de 1881, é inaugurada a Fábrica de Cerveja Santa Maria, instalada na Rua da Carioca 130, a qual desde logo se impôs no conceito público.


NOTA:
Criada em 1697 a antiga Rua ou Caminho do Egito, teve esse nome porque lá existiu um oratório com a fuga da família sagrada para o Egito, em 1741 virou Rua do Piolho quando lá foi morar um procurador com esse apelido, pois era o mestre em procurar processos desaparecidos e posteriormente, em sessão de 24 de outubro de 1848, Rua da Carioca que recebeu esse nome por deliberação da Câmara Municipal, pois era o caminho que se usava para buscar água no chafariz da Carioca.
O nome perdura até os dias de hoje apesar das tentativas de alterá-lo. Assim é que em 14 de agosto de 1879 a Câmara denominou-a de Rua de São Francisco da Penitência, que não foi aprovado pelo Governo Imperial. Em 14 de agosto de 1882 a Câmara tentou novamente mudar o nome, desta vez para Rua de São Francisco de Assis, com a aprovação do Ministério do Império, em homenagem ao sétimo centenário de nascimento do santo ocorrido em outubro de 1881. A Intendência Municipal deliberou em 28 de janeiro de 1892 pela volta do antigo nome de Rua da Carioca, o que foi confirmado pelo Decreto Municipal de 28 de março de 1898, em 1904 foi alargada, com a derrubada dos prédios do lado da numeração par, na administração do prefeito Pereira Passos, Em 1918 mudou para Rua Presidente Wilson e 1919 retornou a ter o nome da Rua da Carioca.
Estas alterações de nome criaram uma barafunda ao longo do tempo, motivadas por hábito de uso dos nomes, principalmente nas documentações.

Em fevereiro de 1882, João Pereira de Santa Maria, no intuito de poder dar maior expansão ao desenvolvimento da fábrica fez um contrato admitindo, como sócio, o sr. Manoel Pereira Ribeiro, sob a firma Santa Maria & Ribeiro com o capital de Rs 14:000$000 (quatorze contos de réis).


Em 13 de janeiro de 1883 o Jornal do Comercio publica o distrato social entre João Pereira de Santa Maria e Manoel Pereira Ribeiro.


Em 1885, novo contrato social, foram admitidos como sócios, os senhores Justino de Oliveira e Joaquim Pinto de Azevedo, sob a firma Santa Maria, Freire & Pinto, com o capital de Rs 16:000$000 (dezesseis contos de réis).


Essa sociedade só durou até 31 de janeiro de 1888 quando foi dissolvida.


Em 2 de março de 1889, o Jornal do Comércio publica o anuncio que foi feito um contrato social, com data de 1º de março, entre João Pereira de Santa Maria (sócio comanditário) e seus dois antigos empregados na fábrica: Napoleão Ferreira da Silva Lima e Antonio José Alves, com o capital de Rs 8:100$000 (oito mil e cem contos de réis), sendo Rs 2:700$000 do comanditário, sob a firma Lima, Alves & Cia.


Em 1891, retirou-se definitivamente o sócio fundador, o sr. João Pereira de Santa Maria, época em que também saiu o sócio Antonio José Alves, que foi montar a fábrica Olinda na Rua do Espírito Santo.

Em 1895, Napoleão F. da Silva Lima associou-se então a Custodio Gomes Dias Torres, sob a firma Lima & Torres.

Em 1898, a cervejaria já ocupava três prédios de números: 130 a 134 da Rua da Carioca e oferecendo três salões, separados, cada um com cerca de 20 mesas de mármore capazes de conter 800 pessoas, nos fundos desses prédios está instalada a fábrica propriamente dita. Nos pavimentos superiores os tanques de resfriamento e cubas. As caldeiras estão de forma a não prejudicar o fabrico e cercadas de cuidados para não ocasionarem incêndios. A fábrica tem um grande número de empregados e está apta a mandar para o consumo cerca de 25.000 garrafas por dia.

Em 1900, com a saída do sócio Custodio Gomes Dias Torres terminou a sociedade e Napoleão F. da Silva Lima passou a administrar sozinho toda a cervejaria.

Em 29 de janeiro de 1903, a Fábrica de Cerveja Santa Maria, de Napoleão F. da Silva, estabelecida à Rua da Carioca, 130, renova o registro de suas cervejas Branca e preta sob o nº 3598 de Junta Comercial do Rio de Janeiro, publicado no Diário Oficial da União de 05 de fevereiro de 1903

Por muitas modificações tem passado a Fábrica Santa Maria, todas tendendo a aumentar a capacidade da fábrica, aprimorar o produto ou oferecer maior conforto ao público, mas nenhuma foi tão radical como a reforma que acaba de passar, onde foi demolido o prédio para o alargamento da Rua da Carioca, onde todos os imóveis do lado par foram destruídos. Após o sr. Napoleão F. da Silva Lima comprar o local da fábrica, ali foi erguida a nova fachada de arquitetura sóbria mas de linhas suaves e elegantes, projeto traçado pelo sr. Carlos Milanez e executado pelo sr. Miguel Bruno. Com as obras prontas e nova numeração na rua, agora de 72 a 76, foi reinaugurada a cervejaria e o seu salão de bilhares (Luzo Bilhares)em 8 de setembro de 1906.

    

Em 1º de janeiro de 1907, Napoleão F. da Silva Lima formou nova sociedade, admitindo os seus antigos empregados Abel F. da Silva Lima, Francisco Pinto Mascarenhas, José F. da Silva Lima e Miguel Pinto Monteiro, sob a firma Napoleão Lima & cia, sociedade que foi se extinguindo com a saída de uns e morte de outros.

Publicado no Jornal do Brasil de 9 de julho de 1910, a liquidação da sociedade Napoleão Lima & Cia, decretada em função do falecimento, em abril, do sócio Abel Ferreira da Silva Lima.

    

Em 5 de fevereiro de 1911, faleceu João Pereira de Santa Maria, o fundador.

Na sessão de 13 de julho 1911, da Junta Comercial, foi registrado um novo contrato entre Napoleão Ferreira da Silva Lima, José Ferreira da Silva Lima Sobrinho e Dª Margarida de Lima para o comércio e fabrico de cerveja à Rua da Carioca, nº 72, 74 e 76, com o capital de Rs 60:000$000, sob a firma Napoleão Lima & Cia.


Em 1914, Napoleão F. da Silva Lima querendo afastar-se completamente do negócio, em vista de seu precário estado de saúde, chamou o seu sobrinho Napoleão José Malheiro, que passou a adotar o nome de Napoleão Lima Malheiro, e, sabendo-o trabalhador e competente, associou-o com o seu já sócio e também sobrinho José F. da Silva Lima, retirando-se definitivamente.


Em 23 de março de 1917, o jornal O Paiz, publica, que foi registrado o contrato social entre os sócios solidários Napoleão Lima Malheiro e José Ferreira da Silva Lima, para o fabrico de cerveja com o capital de Rs 100:000$000, à Rua da Carioca 72, 74 e 76.


A despeito dos maiores esforços, lutando com grandes dificuldades, algumas das quais em consequência da Grande Guerra, que a tudo e a todos atingiu, os novos sócios apenas conseguiram não comprometer o prestígio de que a fábrica sempre gozou e o caráter e probidade de suas próprias pessoas. Em 1920, o sócio José F. da Silva Lima partiu para a Europa, em busca de melhor saúde e tão precário era seu estado que logo em seguida, em junho de 1921, faleceu.


Ficou desde então à testa da gerencia o sócio Napoleão Lima Malheiro, o qual, após a liquidação, deu sociedade à sua irmã D. Jeronyma da Silva Lima, viúva do sócio falecido.


Essa sociedade foi de curtissima duração


O Sr. Napoleão é de um espírito modernista, empreendedor, assim, não é surpresa a transformação, quase completa, que se operou na Fábrica de Cerveja Santa Maria logo após ser ele investido da sua administração. Tratou logo com pessoa entendida a aquisição, na Alemanha, de todos os maquinismos mais aperfeiçoados no gênero e que foram armados e postos em funcionamento pelos próprios mecânicos que com eles aqui chegaram.

Com esses maquinismos e com as vantagens advindas para o fabrico da cerveja, ao contrário de outrora, em que o trabalho, era todo manual, exigia avultado número de braços para uma produção mínima, pois insuficiente, sem falar em muitos outros inconvenientes, hoje, graças à radical transformação, o fabrico, como exige o formidável consumo, é três vezes maior que anteriormente, e, por assim dizer, quase sem esforço. Além disso, sendo o serviço assim feito, á mais precisão e regularidade na produção, absoluto asseio e completa segurança.

    

Assim aparelhada, a Fábrica Santa Maria só deste modo consegue a produção necessária para atender ao consumo, cada vez maior, pois esta Cervejaria, tão inteligentemente administrada, cada vez merece mais a confiança e a preferencia do público, que, não só no amplo e confortável salão-bar existente na própria fábrica, como em toda a parte, presta com sua preferencia à excelente bebida merecida compensação aos proprietários de uma fábrica modelar, que é digna do apoio do público e da admiração dos entendidos. A Fábrica Santa Maria mantem, no 1º andar, um amplo e aprazível salão de bilhares, o qual, administrado pelos criteriosos dirigentes da fábrica, de há muito se tornou o ponto predileto dos apreciadores desse agradável e proveitoso divertimento. Montado com capricho e servido por pessoal competente e dedicado, esse centro de diversão é hoje um dos melhores que existem nesta Capital.

Em 1929 , O Correio da manhã publica novo contrato ente Napoleão de Lima Malheiro e José Marques.


Não sei em que época essa sociedade foi extinta, mas em 1940 foi feita uma sociedade entre várias pessoas, entre elas o sr. Napoleão de Lima malheiro, para um comércio e fábrica de cerveja sob a firma Sociedade de Bebidas Carioca Ltda., com endereço à Rua Campos da Paz 101, onde desde 1937 já estava estabelecida a Fábrica Santa Maria.

quinta-feira, 26 de maio de 2016

Fábrica de Cerveja José Zambello


baseado em texto do livro:A Vila E Seus Vilões de Alcides Aldrovandi.

No início do século 20, emigraram da Itália José Zambello e sua mulher Margarida Carpi, descendente de uma condessa da nobreza italiana, chegaram ao Brasil juntamente com três irmãos do primeiro: Luiz, Carlos e Lucia, todos naturais de Altavilla Vicentina, comuna italiana da região do Vêneto, província de Vicenza, Itália, fixando-se toda a família em Piracicaba, SP.

José Zambello se radicou em Piracicaba, na Vila Rezende, onde o casal teve dezenove filhos, entre eles, Judith que foi casada com Luiz Trevisan, o Banhara, que também abriu uma fábrica de cerveja na Paulista e Tereza casada com o açougueiro José Brusatin, cuja filha Dirce é casada com João Carmignani, o Babico, filho de Caetano Carmignani, outro pioneiro em cerveja.


José Zambello inicialmente abriu um armazém, no Areão, no ponto das figueiras, onde depois montou a fábrica de Cerveja Única, a pioneira da Vila Rezende. Sua fábrica de cerveja foi instalada em 1907, na Av. Rui Barbosa, acima da oficina do Oscar Martins e na frente do açougue do Brusantin. O prédio ainda existe.

quinta-feira, 5 de maio de 2016

Fábrica de Refrigerante e Cerveja Aziz Daher



Na história da industrialização de Araguari um empreendimento importante foi a instalação de uma fábrica de refrigerante e cerveja em 1899, de propriedade do sr. Aziz Daher, localizada à Rua Estrela do Sul, no centro da cidade.

Fabricava cervejas muito apreciadas, claras e escuras e também outras bebidas alcoólicas como: conhaque, quinado, etc.

Com as dificuldades provocadas pela Primeira Guerra Mundial (1914 – 1918), penosamente continuou fabricando bebidas alcoólicas, mas em 1920 a fábrica foi desativada.

Depois desse período, Aziz Daher deixou de fabricar cerveja e abriu outras fábricas, entre elas uma fábrica de guaraná em 1928 que foi equipada com material moderno. Para tanto, ele se dirigiu a São Paulo, onde adquiriu o maquinário numa indústria do bairro Santana daquela capital. Surgiu daí o nome de “Guaraná Santana” e que foi vendida para Salvador Ribeiro, em 1933.

Em 1934, Aziz Daher compra outra fábrica que era propriedade de Cezar Andreazini e leva consigo o nome de “Guaraná Santana”.

Em 1948, os sobrinhos de Aziz Daher: Tufi e Karim Daher, passaram a dirigir a fábrica.

sexta-feira, 8 de abril de 2016

Augusto Tolle & Cia / Sociedade Anônima Empreza de Águas Gazosas / Companhia Antarctica Carioca


O sr. Augusto Tolle, residiu durante 27 anos em São Paulo, onde fundou a conhecida Casa Tolle daquela capital, organizada também em sociedade anônima.

Em 1909, Augusto Tolle se afastou dos negócios em São Paulo, transferiu sua residência para o Rio de Janeiro e fundou a firma Augusto Tolle & Cia.

Em 12 de maio de 1909, o jornal Correio da Manhã publica a compra da firma de águas gasosas Bilz Companhia Limitada – Foerstaer Szulc & Cia, feita em 8 de maio por Augusto Tolle & Cia, firma estabelecida á Rua Itapiru 341, no Rio de Janeiro.
  


Em 26 de outubro de 1909, é publicado no Diário Oficial da União, o Decreto 7621 de 21 de outubro que concede autorização a Joaquim Pinto de Magalhães e outros para organizarem uma sociedade anônima sob a denominação de Empreza de Aguas Gazosas à Rua da Constituição 49.

A sociedade terá duração de 20 anos, podendo esta ser prorrogada por deliberação da assembleia geral.
A companhia tem por fim a fusão, ampliação e exploração da atual Empreza de Aguas Gazosas, de Machado, Magalhães & Comp., e do estabelecimento industrial de Augusto Tolle & Comp., ambos nesta capital, Rio de Janeiro, para o fabrico e consequente comercio de aguas gazosas e aguas mineraes, xaropes, licores e seus congeneres.
O capital da companhia é de Rs 500:000$000 (quinhentos contos de reis), dividido em 5.000 ações de 100$ cada uma integralizadas e representadas pelo valor dos bens e direitos que os subscritores possuem nos referidos estabelecimentos de acordo com a respectiva lista e a distribuição constante da ata da primeira assembleia geral, com as quais entram para a constituição do capital da companhia e ficam aos mesmos incorporados.
A sua diretoria é constituída pelos senhores: Augusto Tolle, presidente; José Joaquim Alves Machado, gerente; Joaquim Pinto Magalhães, tesoureiro; e Jacques Zahner, secretário.

Em 26 de janeiro de 1910, o Jornal O Paiz publica que foi deferido na sessão do dia 10, o requerimento da Sociedade Anônima Empreza de Águas Gazosas da transferência para seu nome das marcas nº 6005, 6027 e 6123 anteriormente registradas por Machado, Magalhães & Cia e Augusto tolle & Cia.

O DOU de 24 de janeiro de 1911 publica o registro da marca Empreza de Aguas Gazosas na sessão de 11 de janeiro na Junta Comercial do Rio de Janeiro, essa marca serve para distinguir os produtos de sua fabricação (cervejas Porter e Ale, cervejas sem álcool, cervejas com pouco álcool, vinhos, vinhos espumantes. vermouth, vinho de frutas, bebidas alcoolicas, essencias alcoólicas, ginger ale, espirito, licores, agua mineral, limonadas, bebidas sem álcool, etc.).

Ainda neste ano de 1911, para que a Prefeitura possa fazer o prolongamento da Avenida Gomes Freire, foi necessária a desapropriação e demolição do prédio que a empresa ocupa á Rua da Constituição nº 49, com isso, a empresa adquire um imóvel à Rua do Riachuelo nº 92, os prédios, exigirão reformas indispensáveis e ainda será necessária a construção de um edifício apropriado para a fabrica de aguas gasosas, apesar da indenização a empresa sofre considerável prejuízo, não somente pela desmontagem e mudança dos aparelhos e maquinismos, como também pelas grandes obras e benfeitorias que realizou naquela casa, confiando no contrato de arrendamento garantido por hipoteca do prédio.

Em 1913, esta empresa fabrica toda a sorte de águas gasosas, Bilz e cerveja, achando-se presentemente em construção um edifício especial, destinado à manufatura de águas gasosas, próximo ao seu escritório, à Rua Riachuelo, 92, local onde possui a companhia uma área de 5.000 metros quadrados. A nova fábrica será instalada neste edifício e terá maquinismo do mais moderno e uma força motriz de 120 hp. Atualmente, a empresa produz diariamente 600 dúzias de Bilz, 2.000 dúzias de gasosas diversas e 500 dúzias de sifões. A produção de cerveja vai atualmente a 25.000 dúzias mensais, tencionando a empresa construir uma nova fábrica, de modo a elevar a produção a 30.000 hectolitros anualmente. A companhia emprega 120 pessoas, e tem, para os diversos serviços, 25 carroças e 130 animais.

  


O DOU de 14 de setembro de 1923 publica a renovação do registro em 6 de setembro na Junta Comercial do RJ, pela Empresa de Águas Gasosas, da cerveja Tells Bier, sob o nº 19706.

A partir de 1925 passa a ser representante da Companhia Antarctica paulista passando a comercializar os seus produtos.
Na Assembleia Geral Extraordinaria de julho de 1927 foi ratificada a proposta de aumento de capital de Rs 340:000$000 para Rs 1.500:000$000. O representante da Companhia Antarctica Paulista disse que esta pretendia subscrever todo o capital que se pretendia aumentar, mas como eram iguais os direitos dos demais acionistas fazia um apelo para que lhes cedessem as ações com que contribuirão para a realização do capital e assim procedia dados os vultosos interesses que a Companhia Antarctica já tinha na Empreza de Aguas Gazosas S.A.
Depois de ligeira discussão consentiram que o capital fosse todo subscrito pela Companhia Antarctica Paulista

Em 16 de janeiro de 1928 a Assembleia Geral Extraordinária dos respectivos acionistas aprovou resolução proposta em 1927, da alteração dos estatutos, o aumento de capital e, ainda, a alteração do nome de Empreza de Aguas Gazosas para Companhia Antarctica Carioca.

Como o aumento de capital foi totalmente integralizado pela Companhia Antarctica Paulista e pelas ações em poder de sua subsidiária, a Companhia Progresso Industrial, passaram a deter a maioria das ações, assumindo o controle acionário.

O Decreto nº 18.155, de 13 de Março de 1928 Aprova a alteração dos estatutos da Empreza de Aguas Gazosas, pela qual passou a se denominar Companhia Antarctica Carioca.

domingo, 28 de fevereiro de 2016

Fábrica de cerveja Ignacio Rasch





Em 17 de dezembro de 1823, partiu de Hamburgo na Alemanha, o navio Caroline com o grupo dos primeiros imigrantes destinados ao Rio Grande do Sul.

No final de junho chegaram ao Rio de Janeiro onde foram recebidos e distribuídos pelo Monsenhor Miranda, trocaram de embarcação passando para o veleiro Protector e seguiram viagem com destino à Porto Alegre, capital da província de São Pedro do Rio Grande onde chegaram em 18 de julho de 1824.

Foram então enviados para a desativada Real Feitoria do Linho-Cânhamo, um estabelecimento agrícola localizado à margem esquerda do Rio dos Sinos, que não dera resultados. A feitoria persistiu até depois da Independência do Brasil, sendo extinta em 31 de março de 1824. Suas terras foram destinadas a abrigar os imigrantes alemães que recém chegavam ao Rio Grande do Sul. Sua estrutura compunha-se da casa-grande que era o centro das atividades e moradia do feitor ou outra autoridade da Feitoria. Nas senzalas moravam os escravos. Havia ainda os galpões para animais e depósitos diversos.

Fazia apenas alguns meses que a fabriqueta de cordas e cordéis da Real Feitoria do Linho-Cânhamo tinha sido desativada. Mas, em boa parte ainda se conservavam as plantas canabíneas para a produção de filamentos e fibras feita por escravos em lavouras de açorianos.

Foram recebidos pelo presidente da província José Fernandes Pinheiro, depois Visconde de São Leopoldo, que, após alguns dias, os encaminhou para a futura colônia. Em carta assinada em 23 de julho de 1824, o presidente informa o Rio de Janeiro que os primeiros colonos já haviam deixado Porto Alegre naquela data com destino a Feitoria. Antes, haviam sido acomodados e assistidos com “carne, farinha, algum legume e tempero de toucinho e sal”.

Em 25 de julho de 1824, esses imigrantes chegaram, à feitoria do Linho-Cânhamo, seu destino. Essa é a data de fundação de São Leopoldo, donde vem o título de “Berço da Imigração”.

Com a chegada dos imigrantes, os poucos moradores tiveram um novo alento na produção de alimentos para os imigrantes, pagos pelo governo provincial.

A primeira leva de imigrantes alemães era composta por 39 pessoas, sendo 15 crianças em idade escolar, 33 evangélicos e 6 católicos, pertencentes às famílias de:
Miguel Krämer e esposa Margarida, lavrador, Bavária, católicos.
João Frederico Höpper, esposa Anna Margarida, filhos Anna Maria, Christóvão, João Ludovico, fabricante de cartas, Bavária, evangélicos.
Paulo Hammel, esposa Maria Teresa, filhos Carlos e Antônio, marceneiro, Munique, católicos.
João Henrique Otto Pfingsten, esposa Catarina, filhos Carolina, Dorothea, Frederico, Catarina, Maria, lavrador, Munique, evangélicos.
João Christiano Rust, esposa Joana Margarida, filha Joana e Luiza, marceneiro, Hamburgo, evangélicos.
Henrique Timm, esposa Margarida Ana, filhos João Henrique, Ana Catarina, Catarina Margarida, Jorge e Jacob, lavrador, Holstein, evangélicos.
Augusto Timm, esposa Catarina, filhos Christóvão e João, lavrador, Holstein, evangélicos.
João Henrique Jaacks, esposa Catarina, filhos João Henrique e João Joaquim, lavrador, Holstein, evangélicos.
Gaspar Henrique Bentzen, cuja esposa e um parente Frederico Gross morreram na viagem, o filho João Henrique, lavrador, Holstein, evangélicos.

Em 12 de agosto de 1824, o presidente da província, José Feliciano Fernandes Pinheiro, mandou um ofício ao inspetor da Colônia de São Leopoldo, José Tomás de Lima, com instruções aos agrimensores e juiz de paz, acompanhando a segunda turma de imigrantes. Talvez, seja apressada a conclusão de considerar insignificante a vinda de apenas 6 novos imigrantes nesta segunda leva.
A grande importância deste grupo diminuto, foi a inclusão de dois imigrantes das ilhas dos Açores: o João Antônio da Cunha, de 35 anos de idade, e a Hiacintha ou Jacinta da Rosa, de 29 anos de idade. O casamento deles estava previsto na primeira visita pastoral a ser feita por um sacerdote, vindo de Gravataí. Este contato direto entre os açorianos e alemães facilitava a comunicação entre os fornecedores de alimentos aos colonos e a aprendizagem das primeiras palavras em língua portuguesa mais necessárias para se comunicarem.

Além dos açorianos, vieram também mais quatro alemães solteiros: João Daniel Gottfried Kümmel, ferreiro, 36 anos; Joaquim Frederico Guilherme Jäger, 45 anos, lavrador; André Cristóvão Meyer, 22 anos, lavrador; eram todos evangélicos; e Ignácio Rasch, pedreiro, 24 anos, católico. Esses quatro solteiros vieram 18 dias depois da chegada dos pioneiros por terem permanecido no Hospital Militar em Porto Alegre para tratar de sua saúde, maltratados pelo capitão da sumaca São Francisco de Paula.


Primeiro abrigo dos imigrantes alemães fundadores de São Leopoldo

Instalados na feitoria até que recebessem seus lotes coloniais, o Governo mudou o nome da antiga Real Feitoria e batizou o núcleo de Colônia Alemã de São Leopoldo, em homenagem à Imperatriz Leopoldina, a esposa austríaca de Dom Pedro I. A colônia se estendia por mais de 1000 Km² indo em direção sul-norte de Esteio até Campo dos Bugres (Caxias do Sul, hoje) e em direção leste-oeste; de Taquara (hoje) até o Porto de Guimarães, no Rio do Caí (São Sebastião do Caí, hoje).


Em 12 de outubro de 1824, Ignácio Rasch, nascido na Baviera em 1790, recebeu o Lote nº 1 do plano diretor do núcleo urbano de São Leopoldo, quase defronte à igreja no lado esquerdo do rio.

Ignácio Rasch, homem de visão, tendo recebido o lote na margem do Passo, logo tratou de explorar suas potencialidades, ele abriu um armazém de secos e molhados, instalou à margem do rio, a primeira fábrica de cerveja do Rio Grande do Sul para alegrar o povo em suas festas de Kerb e um serviço de barcas destinado ao transporte de cargas quando ainda não havia ponte.

Ignácio Rasch foi o primeiro comerciante e barqueiro no Rio dos Sinos. Foi assim que se deram os começos duma urbanização primitiva, surgida automaticamente, sem intervenção governamental, no Passo, chamado também Passo da Olaria, no Porto das Telhas.

Como se vê, foi o empresário pioneiro no comércio, indústria e serviços em São Leopoldo, onde faleceu em 1835, casado com Gertrudes Heinz.

O Passo fazia parte da velha estrada de tropas que, partindo do Planalto Central, passava por São Francisco de Paula, se bifurcava no Mundo Novo, seguindo ou para Santo Antônio ou para Boa Saúde (perto do lugar onde depois se estabeleceria Novo Hamburgo), onde mais uma vez se bifurcava, indo um ramo para o Jacuí e outro para Porto Alegre. Em conseqüência deste fluxo de mercadorias do Passo para a Feitoria e, anos mais tarde, em direção oposta, levando as mercadorias já produzidas pelos colonos para Porto Alegre, surgiram as primeiras casas na atual cidade de São Leopoldo.

As compras tinham que ser feitas no Passo, onde havia duas vendas, uma de Ignácio Rasch, na margem esquerda do rio, onde hoje existe o Hotel Brasil, e a outra de Adão Hoefel, na margem direita. Só mais tarde abriram-se novas casas de negócio na Estância Velha e em Hamburgo Velho.


A casa onde funcionava a sede da Real Feitoria do Linho Cânhamo em São Leopoldo, permanece ainda no mesmo local, no Bairro que leva o nome de Feitoria, conhecida como Casa da Feitoria ou Casa do Imigrante.

terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

Tiede & Beyerstedt / Cervejaria Tiede / Viuva de A. Tiede / Alfredo Tiede & Cia / Tiede, Seyboth & Cia / Cervejaria Catharinense Ltda. / Cervejaria Catarinense S.A.


Baseado no texto de Maria Cristina Dias, publicado em Notícias do Dia


A Colônia Dona Francisca ainda estava sendo estruturada e as primeiras cervejarias já começavam a produzir a bebida, que passaria a integrar o dia a dia da comunidade nos momentos de alegria, confraternização, e por que não? – de tristeza.

O imigrante Alfred Tiede (Alfredo), de profissão cervejeiro, nascido em 24 de outubro de 1854, em Thurn, na Suiça, filho de Christian Friedrich Tiede e Mathilde Braun Tiede (que viúva, também imigrou para a Joinville), chegou à Colônia Dona Francisca em 1881, aos 27 anos e ainda solteiro.
Logo casou com Karoline Mathilde, a Lilly, nascida Brand em 1857, que havia chegado com sua família, em outro navio, no mesmo ano de 1881. Disposto a começar uma nova vida escolheu como local desse recomeço um lote de 5,50 morgos (equivalente a 2.400 metros quadrados) na então Mittelweg ou Caminho do Meio, atual Rua XV de Novembro, curiosamente o local onde a princípio os imigrantes suíços se concentraram.

Algum tempo depois, juntamente com Carl Beyerstedt, outro imigrante e cervejeiro radicado na Colônia Itajahy (atual Brusque) casado com Charlotte von Lasperg, fundou a cervejaria Tiede & Beyerstedt que durou pouco tempo.

Carl Beysterdt, havia sido premiado em 30 de setembro de 1875 com a medalha de bronze (2º lugar) na 4ª Exposição de Produtos Agrícolas e Manufaturas das Colônias Itajahy e Príncipe Dom Pedro.

A partir de 1888, fundou a Cervejaria Tiede, que também fabricava gasosas, licores e até xaropes de frutas, as primeiras garrafas produzidas na Cervejaria Tiede começaram a chegar na mesa dos consumidores ainda em janeiro de 1889.

A abertura oficial do novo empreendimento foi no primeiro dia do ano e na edição de 9 de janeiro de 1889, o jornal “Reform”, de circulação local, publicava uma nota informando a comunidade: “O proprietário de cervejaria, sr. Alfred Tiede, que até este momento era sócio da firma Cervejaria Tiede & Beyerstedt, recentemente fechada, abriu a sua própria cervejaria, a qual também administra, no dia 1º de janeiro, sob a denominação de “Alfred Tiede”, segundo tradução da pesquisadora Brigitte Brandenburg.

Tiede apostou na crítica dos jornais e enviou para o editor, “como amostra”, 25 garrafas de sua produção. O resultado foi a nota que visava atrair mais clientes: “Julgamos que a amostra que nos foi enviada apresenta um gosto forte em uma cerveja muito clara e de bom encorpamento, que nós consumidores de cerveja desejamos. É uma cerveja que está acima das melhores cervejas aqui criadas, e que pode colocá-las em segundo lugar”, aproveitando para salientar o preço do produto, considerado bom para a época. “Se o sr. A. Tiede mantiver-se fiel a este princípio, e fermentar a sua cerveja na mesma qualidade com o qual nos enviou, não faltarão encomendas”, assinalava a resenha publicada no jornal.

Alfred Tiede morreu de câncer em 14 de junho de 1904, aos 50 anos, e não deixou filhos. Ele e Lilly tiveram apenas uma criança que também já havia falecido. O casal, havia adotado um sobrinho que tinha o mesmo nome do tio: Alfred Tiede, a coincidência de nomes cria certa confusão, o sobrinho era Alfred Carl Tiede (Alfredo Tiede), nascido em 1893, e filho de Rudolf Baade e Marie Tiede. As informações constam no Kolonie Zeitung, em nota que comunica seu casamento com Gertrud Bennack, em 1917, e foram traduzidas por Brigitte Brandenburg.

A Cervejaria de Alfred Tiede recebeu a medalha de segunda classe da Exposição de Agricultura Indústria e Artes, feita pela Sociedade Catarinense de Agricultura em 1905, pelas cervejas Porter, Kulmbach e Clara e medalha de terceira classe para a sua cerveja simples.

Medalha premial de segunda classe da Exposição de Agricultura Indústria e Artes


Após a morte do marido, Lilly Tiede a princípio assumiu os negócios da família. Rótulos da primeira década do século 20 mostram o novo nome da empresa: “Vª de A. Tiede” (Viúva de Alfred Tiede).

Por volta de 1915, o sobrinho Alfredo Tiede assumiu os negócios da mãe adotiva. A firma passou a aparecer nos rótulos como “Alfredo Tiede & Cia" e adotou o nome fantasia de Cervejaria Catharinense.

     

No início dos anos 20, com a chegada de um sócio, Seyboth, os rótulos passam a apresentar a identificação “Tiede, Seyboth & Cia”.
  

Em 1923, a empresa que fabricava cerveja de alta fermentação, foi transformada em cervejaria de baixa fermentação.

O DOU de 10 de julho de 1925, publica o registro das marcas Clarinha, Morena e Ouro sob os nº 2904, 2905 e 2906 respectivamente e tres meses depois, em 8 de outubro desse mesmo ano, publica o registro da marca Cerveja tipo Original Munchen, sob o nº 3563, para a firma Tiede, Seyboth & Cia.

A modificação, no processo, da cervejaria de alta para baixa fermentação, que visava alcançar maior produtividade, trouxe também problemas financeiros, os quais culminaram com a transformação, em 1928, da Thiede, Seyboth & Cia em Cervejaria Catharinense Ltda.


O Diário oficial de 1/11/1928 publica o deferimento da transferência das marcas nº 22023, 22024 e 22025, 22321 e 24038 da Tiede e Seyboth & Cia para a Cervejaria Catharinense.

Na formação da Cervejaria Catharinense Ltda. houve o aporte de capital de empresários e firmas da região, como Henrique Douat, Eugênio Fleischer, Colin & Cia, Böhm, H. Zimmermann e Werner Metz e Max e Georg Keller. “Tornando-se assim a maior cervejaria do Estado, com produção de 18 mil hectolitros/ano e capital investido de 800 contos de réis”.

Nesta época, final dos anos 20 e década de 30, a cervejaria contava com cerca de 80 empregados, era a maior do Estado e funcionava no mesmo local onde morava o seu fundador, Rua Quinze de Novembro, produzia as marcas Ouro Pilsen, Morena, Catharinense, Clarinha, Sem Rival, Porter e Munchen, além de refrigerantes.

A água utilizada na fabricação das cervejas e que era a grande chave de seu sucesso vinha de duas fontes: uma no terreno da própria empresa e outra na rua Padre Anchieta , por onde era escoada até a empresa através de uma tubulação subterrânea. Essa fonte de água mineral foi usada por mais de 50 anos para a produção de bebidas.

O Diário oficial de 2/03/1929 publica o registro da marca Ouro Pilsen sob o nº 13641 e em 8/03/1929, o Diário oficial de publica o registro da marca Sem Rival sob o nº 13687.

  
     

Em 21 de dezembro de 1929, o jornal "A República" publica a notícia da cessão onerosa (venda) que faz Alfredo Tiede, de suas quotas na Cervejaria Catharinense Ltda, no valor de Rs 60:000 (sessenta contos de réis) para Colin & Cia.

O Diário oficial de 4/12/1934 publica o registro da marca Optima.

O Diário oficial de 15/06/1935 publica o registro da marca Favorita.

Em 1938, deixa, definitivamente, de levar o nome Tiede, com a transformação da sociedade por quotas limitada para sociedade anõnima e inicia a construção da nova fábrica.


Em 1942, a Cervejaria Catharinense é reinaugurada e, com a conclusão do novo prédio, Werner Metz assume como diretor-presidente.

     
     

  

Em 1948, a Cervejaria Catharinense foi vendida para a Antarctica, que manteve a antiga razão social até 1962 quando passou a ser Cia. Antarctica Paulista - Industria Brasileira de Bebidas e Conexos e tornou-se, dentro de pouco tempo, uma das maiores cervejarias do Brasil, com filiais em cidades como Curitiba e Caxias do Sul.

  

Em 1973 a última grande mudança: a antiga Cervejaria Catarinense passa a se chamar Companhia Sulina de Bebidas Antarctica, e em 1998, após mais de meio século funcionando na rua 15 de Novembro 1383, bairro América, a fábrica foi desativada, foi a vez do fim da fabricação da cerveja Antarctica em Joinville.

Na época, o patrimônio foi passado para Bebidas Antarctica Polar que após 3 anos de abandono, em 2001, o vendeu à Prefeitura de Joinville que transformou os antigos galpões e depósitos na "Cidadela Cultural Antarctica", um complexo para a realização de eventos, cursos, oficinas e apresentações artísticas que deveria se tornar um centro de cultura, diversão e arte.