terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Birreria / Casa da Cerveja de Arceburgo



Baseado nos textos:
A restauração da antiga Casa da Cerveja de Arceburgo A Folha Regional/cidade - Sander Rogério Ribeiro Pereira
Na-velha-casa-da-cerveja Jornal Hoje em dia - manoel hygino dos santos.
Imagens:
Iara Nicola - restauração da antiga Casa da Cerveja
www.diariodemococa.com.br - Fotos Antigas de Arceburgo

  
Antes e depois da restauração

Como cervejaria teve curta duração, já que só existiu de 1911 a 1926, mas o imóvel, localizado com frente para a Rua Coronel Cândido de Souza Dias, número 309 (antigo número 22), esquina com a Travessa 21 de Abril, localizado na sede do Município de Arceburgo, Estado de Minas Gerais, tem alto interesse histórico e arquitetônico. Trata-se de uma construção térrea, erguida por volta de 1911, pelo imigrante italiano Antônio Gosso, em terreno adquirido do Coronel Cândido de Souza Dias, acha-se edificado sobre parte do “Córrego do Cresciúma” e desde a sua construção destinou-se a ser a primeira fábrica de Cerveja da cidade, que além da fábrica, mantinha também uma taverna, onde os tropeiros e os primeiros habitantes de Arceburgo, se divertiam naqueles tempos. A “Casa da Cerveja”, estava construída pouco abaixo do “Hotel dos Viajantes”, do imigrante italiano David Longo, que foi historicamente o núcleo fundador de Arceburgo, originariamente São João da Fortaleza.

Segundo relatos orais de antigos moradores, o frontispício da “Casa da Cerveja” foi confeccionado por um escultor de origem italiana, que a tradição chamou como Ricardo, que de passagem por aqui, deixou a marca de sua arte, nesse imóvel, através de terras, barro e cimento, objetos cozidos e criou a alegoria que lembra num ecletismo a Arte Romana Antiga, o Renascimento Italiano e o Colonial Brasileiro, e a qual ele denominou como se lê: “Al Vero Lido de Venezia”, traduzindo: “O Verdadeiro Cassino de Veneza”, já que águas passam por debaixo do imóvel, parodiando Veneza, na Itália, e no imóvel eram mantidos jogos de azar.
  

A cerveja fabricada era de alta fermentação e não tinha grande durabilidade (de 10 a 15 dias) e na falta de congeladores para esfriá-la, usava-se o leito do “Córrego Cresciúma”, que passa por debaixo do imóvel de uma maneira interessante: colocava-se areia em montes, enterravam-se a garrafa e molhava a areia por cima, desse modo, a cerveja era servida fria.

Fabricava-se também um refrigerante de nome “Gazoza”, que era engarrafado em vasilhame importado muito interessante: era fechado por uma bolinha de vidro. Um outro tipo de refrigerante fabricado era de nome “Vita”, muito apreciado naqueles tempos e tinha o aspecto da “Coca-Cola”.

Antônio Gosso manteve seu estabelecimento de 1911 a 1926, nesse ano transferiu sua residência para a cidade de São Paulo e vendeu o imóvel para o imigrante italiano Francisco Menossi e sua esposa Dona Natalina Bassani; a fábrica de cerveja foi adquirida pelo imigrante italiano José Guidorizzi, o Beppe Cervejeiro, que a anexou a sua já montada fábrica.

De 1926 a 1955, Francisco Menossi residiu no imóvel com sua família e nas dependências onde estava instalada a “Casa da Cerveja” ele montou sua alfaiataria.

Em 1955, Dona Natalina Bassani, já viúva de Francisco Menossi, vendeu o imóvel a Francisco Borgheti e sua esposa Dona Anna Melatti, esta família aí residiu até 2007.

Em 1963, foi a “Birreria”, palco do filme nacional “O Cabeleira”, da Prodifilmes Ltda. do Diretor Nelson Teixeira Mendes. Este filme cujas principais cenas foram rodadas neste município, teve como atores: Marlene França; Hélio Souto; Milton Ribeiro; Francisco Egídio; Ruth de Souza; Diva Vaz Lobo e Alfredo Scarlati, entre outros.

Cena do filme ''O Cabeleira'' gravado em Arceburgo e Mococa. Detalhe da foto: cena gravada no bairro da varzea, em Arceburgo. Ao fundo a antiga casa da cerveja.

A “Casa da Cerveja de Arceburgo”, desde a sua construção, tratou-se de um bem “sui generis”, sempre chamando a atenção de moradores, turistas e transeuntes, que param para admirá-la, fotografá-la, sendo motivo de várias obras artísticas espalhadas em acervos particulares e salões de artes de várias regiões do país.

Isso foi uma das causas que despertou o interesse do empresário Doutor Thiago Varejão Fontoura, que preocupado em preservar o patrimônio histórico de Arceburgo, pagou com seus próprios recursos, a indenização de desapropriação que a Prefeitura Municipal de Arceburgo, moveu ao espólio de Francisco Borgheti, em 2007.

Pela Lei Municipal Número 1456/2007, de 22 de Outubro de 2007, sancionada pelo Prefeito Municipal, Antônio Roberto da Costa, foi a “Casa da Cerveja”, considerada Patrimônio Histórico do Município de Arceburgo.

Vive-se a hora do resgate para a qual deram decisiva contribuição a Secretaria de Estado de Cultura, o BDMG, o prefeito Antônio Roberto da Costa, a dra. Patrícia Camparotto Pricoli da Costa, os beneméritos locais, e, enfim, toda a sociedade prestante da cidade, graças ao que se recuperou inteiramente o conjunto numa bela esquina.

Em 12 de dezembro de 2009, foi instalada na antiga “Casa da Cerveja”, a sede social do “Instituto Histórico e Cultural de Arceburgo”, com a denominação de Paço Cultural “Doutor Thiago Varejão Fontoura”. O Instituto Histórico e Cultural de Arceburgo foi fundado em 22 de junho de 1985, pelo Professor-Doutor Orlando Lodovici (1920 – 2002).

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Cervejaria Genuina



Baseado nos textos:
Patrimônio Cultural de Lima Duarte
Prefeitura de Lima Duarte – Maquinário da Cervejaria Genuina.
Fotos: Marcio Lucinda (Departamento de Turismo)


A Lei Provincial Mineira 2.804 de 3 de outubro de 1881, criou o Município de Rio do Peixe em Minas Gerais. Em 30 de outubro de 1884 a Lei 3.269 mudou a denominação do Município do Rio do Peixe para Lima Duarte. Em dezembro de 1884 foi instalado solenemente o Município, o nome de Lima Duarte foi uma justa homenagem ao eminente Conselheiro José Rodrigues de Lima Duarte, político de Barbacena, que na época era Ministro da Marinha e Senador do Império.

A economia primitiva de Lima Duarte girou em torno da exploração do ouro que existiu em abundância em serras e ribeiros. Extinto o ouro, nas primeiras décadas do século XIX, dedicou-se à população à agricultura e à pecuária, erguendo numerosos engenhos e solares rurais, os antigos “sobrados” coloniais, berço das mais tradicionais e ilustres famílias limaduartinas, sedes que constituíam um núcleo urbano com funções de civilização e solidariedade. Escreve Vicente Tapajós, “... As fazendas muito distantes uma das outras, insulavam os lavradores. A vida rural vem assim predominar sobre a vida urbana. A propriedade territorial era o centro de gravitação do mundo colonial.”.

O comércio recebia a visita de viajantes e tropas de Juiz de Fora, Barbacena, Bom Jardim, Rio Preto, Andrelândia e outras cidades, mantendo intercambio com outras localidades de Minas; para o sul, com destino à Estação de Desengano (hoje Barão de Juparanã), em demanda ao Rio de Janeiro caminhavam as tropas, transportando léguas e léguas, os nossos produtos: toucinho, carnes, óleos vegetais, couros, cereais, frutas e madeiras. Desse modo progredia a economia do município ligada à agropecuária, mas preparando-se para a industrialização.

Em 1900 o Padre Pedro Nogueira e o Capitão João de Deus Duque Neto fundaram uma sociedade fabril para explorar a indústria de laticínios. Era uma das primeiras fábricas de laticínios de Minas Gerais. Essa indústria ficava situada na Rua José Virgílio, na Chácara Recanto dos Duques. Logo no início do século também foi instalada a firma Jong &Cia. Ltda., que até hoje continua em atividade.

Também em 1900, o Sr. Antônio Ribeiro de Paiva prometia para breve a inauguração de uma Fábrica de Cerveja “Genuína” de propriedade de Antônio Giordano, Joaquim Rodrigues Moreira e Bernardo Meneghini. Grandes festividades marcaram o acontecimento, fazendo-se ouvir na ocasião o eloqüente Capitão Francisco de Paula Senra, advogado do fórum; Capitão Benedito Vitório e, em nome dos operários José Morrone. Tinha como fabricante Pedro Scheffer.

Esta cervejaria ficava situada a Rua 15 de Novembro, hoje Antônio Carlos. No início dos anos 20, a cervejaria foi transferida para a Rua José de Salles n°16 e passou a pertencer a Alves, Ribeiro e um cervejeiro alemão de sobrenome Loacher.

Sua produção era escoada para o sul de Minas e para Juiz de Fora em lombo de burros. A fábrica funcionou até o princípio dos anos 30 quando foi extinta, porque nessa época já começava aparecer à produção de cerveja mecanizada, enquanto que a Genuína ainda era de processo bastante artesanal não agüentando a concorrência e, ainda, o sumiço do cervejeiro, o único que conhecia a fórmula e que, provavelmente, recebeu uma melhor oferta de trabalho. Segundo depoimento do Dr. Dermerval de Paiva, o alemão Loacher teria levado a fórmula para o Rio de Janeiro e a vendeu a uma importante fábrica de cerveja, que se instalava.

O maquinário da Cervejaria Genuína veio de Hamburg, na Alemanha é de marca “Breymann & Hübener”. Atualmente este maquinário é de propriedade de Márcio Ulysses de Paiva e está guardado na Rua José de Salles n°16, endereço da antiga cervejaria.