quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Fábrica de Cerveja N.Sa. da Glória / Fábrica de Cerveja Glória


Baseado nos sites: Novo Milenio e Almanak Laemert
Imagens dos rótulos cedidas pelo colecionador Paulo Antunes Júnior

A ermida de Nossa Senhora da Glória do outeiro, no bairro do Catete, Rio de Janeiro, foi erguida pelo ermitão Antonio Caminha em 1671, ficando-lhe por detrás algumas casas para romeiros, com o correr do tempo, necessitando a ermida de consertos foi de novo reconstruída no início do século XVIII. A obra da Igreja da Glória do Outeiro, iniciada a partir de 1713, levou à abertura de uma pedreira em local próximo, no Morro da Nova Sintra, esse local passou a ser denominado "Pedreira da Glória", por fornecer as pedras usadas na construção da Igreja, para isso foi necessária a transformação do caminho que levava à ermida em rua que foi chamada de Rua da Pedreira da Glória, atual Rua Pedro Américo. A atividade na pedreira estimulou a ocupação da área fazendo aparecer novas ruas e a serem construídos prédios residenciais e comerciais.


Rua Pedro Américo e vendo-se a pedreira no final da rua

Em 1864, Aparece pela primeira vez no Almanak Laemert a Fábrica de Cerveja N. Sª. da Glória, de propriedade de Joaquim Antonio Teixeira, situada na Rua da Pedreira da Glória 21, Catete, RJ.

Em 1866, no Almanak Laemert, além do endereço da fábrica aparece o endereço do escritório na Rua D’Alfandega 62, nesse mesmo ano os produtos de sua fabricação receberam prêmios na Exposição Nacional.

Em 1878, o endereço do escritório passa a ser Rua Marquês de Abrantes 27.

Em 1885, o nome é mudado para Fábrica de Cerveja da Glória e passa a pertencer aos antigos proprietários da Fábrica de Cerveja Princeza Imperial, Paulo de Souza Alves e Antonio Soares da Gama Bastos, sob a firma Alves & Bastos.

Em 1886, a Rua da Pedreira da Glória passa a se chamar Rua Pedro Américo.


Em 1889, o nome da firma é mudado para Alves & Cia., passando Paulo de Souza Alves a ser o responsável único da cervejaria com a saída do sócio Antonio Soares da Gama Bastos.

Em 1890, os seus produtos tornam a ser premiados na Exposição de Chicago.

Em 1893, passa a pertencer a Adriano de Souza Albuquerque.

Em 1896, passa a pertencer a Adriano de Souza Albuquerque e Joaquim Alves Ferreira, sob a firma Adriano & Ferreira.

Em 1899, com a saída do sócio Adriano de Souza Albuquerque, passa Joaquim Alves Ferreira a ser o único responsável pela fábrica de cerveja.

Em 1901, esta importante fábrica de bebidas foi adquirida pelo senhor Alfredo Ferreira Gomes Saavedra, de nacionalidade portuguesa aqui chegado em 1889, nascido em 2 de agosto de 1867, filho de Antonio Gomes Saavedra e Maria Gomes, casado com Julia Gomes Saavedra. O senhor Saavedra é também proprietário no Rio de Janeiro e faz parte de diversas instituições pias, tanto portuguesas como brasileiras. Em 23 de junho de 1939, foi publicado no Diário Oficial da União (DOU) que pela portaria de 15 de junho de 1939, o senhor Saavedra foi declarado cidadão brasileiro.

A aquisição da cervejaria foi feita em sociedade com os interessados: Manoel Figueiredo Pinto e Antonio Pereira Peres.

Em 3 de novembro de 1904, é registrada a cerveja Avenida sob o nº 4129 da Junta Comercial do Rio de Janeiro.
  

Em 1905, com a saída dos sócios interessados: Manoel Figueiredo Pinto e Antonio Pereira Peres, passa a responder sozinho pela cervejaria o senhor Alfredo Ferreira Gomes Saavedra.

Em 11 de novembro de 1906, é registrada a cerveja Gloria Branca sob o nº 4897 e neste mesmo dia registra a cerveja Gloria Parda sob o nº 4898 da Junta Comercial do Rio de Janeiro.

Em 12 de janeiro de 1907 é anunciada, no jornal Rio Nú, a reinauguração da fábrica de cerveja do Sr. Saavedra no último sábado, dia 5.

Em 1920, a Cervejaria Gloria passa a pertencer a Oscar Vieira & Cia. Em 27 de março, o Jornal O Paiz publica a constituição de uma nova sociedade composta pelos sócios solidários Oscar Vieira de Mello Ferreira, Arthur Adolpho da Silva Schiappe, Antônio Luiz Ribeiro e Luis Governo de Souza, para o comércio de álcool e aguardente em grosso, fabricação de cerveja e bebidas hydroalcoólicas e negócios que convenham, à Rua Pedro Américo 27, com o capital de 250:000$000 (duzentos e cinquenta contos de réis).


Em 14 de outubro de 1920 o Diário Oficial da União, DOU, publica a transferência dos registros dos diversos produtos de Alfredo F. Gomes Saavedra para seus sucessores Oscar Vieira & Cia.

Em 1922, a produção mensal deste estabelecimento é de 50.000 litros de bebidas diversas e 100.000 litros de cerveja. Produz ainda, conhaques, vermutes, fernets, genebras, aniz, laranjinha especial, licores, bitters, xaropes para refrescos, aperitivo americano etc. Fabrica também em grande escala vinagres, brancos e tintos. Em seus depósitos, há sempre grande estoque de cevada, lúpulo, rolhas e cola para fabrico de cerveja, e todos os artigos necessários ao mesmo ramo de negócio.

Tem concorrido a diversas exposições, e sempre os seus produtos foram distinguidos, uns com diversas medalhas de ouro, outros com menções honrosas. Esta casa importa diretamente da Europa todos os artigos, bem como a matéria-prima necessária à manipulação de seus produtos. As suas vendas são feitas na capital e em todos os estados da União, onde a casa mantém representações permanentes.

  

Em 4 e 5 de agosto de 1927, os jornais anunciavam um trágico acontecimento, por volta das 19 horas do dia 3 de agosto, o Senhor Oscar Vieira de Mello Ferreira pôs fim à vida com um tiro no ouvido direito, tendo sido atribuído à esse acontecimento um insucesso de negócio resultante da baixa do preço do açúcar que lhe acarretou grande prejuízo. O comerciante vinha mantendo com outros o que se chama na praça de "corner" fazendo com que esse sistema provocasse a alta do açúcar, que foi de 42$ para 77$, acontece que com a abundancia da safra o mercado recebeu um grande suprimento que causou em consequência a baixa. A firma Oscar Vieira & Cia e outras a ela ligadas tiveram um grande prejuízo pois tinham em estoque mais de 250.000 sacas de açúcar.

O senhor Oscar Vieira era brasileiro, natural de Pernambuco, contava 48 anos de idade e deixa viúva a Dª. Angelina Vieira de Mello Ferreira.

Em 28 de novembro de 1927, a firma Oscar Vieira & Cia entra em concordata, em função das dívidas do açúcar e em 24 de fevereiro de 1928 entra em liquidação extinguindo-se a sociedade.

Em 2 de maio de 1929, faz-se uma nova sociedade composta pelos sócios solidários: Arthur Adolpho da Silva Schiappe e Dr. Durval Rodrigues Cruz; e dos sócios de industrias: Antônio Luiz Ribeiro, Luiz Governo de Souza e Marcelino José Alves para o comércio de álcool e aguardente, à Rua Pedro Américo 21 a 27, com o capital de 500:000$000, sob a mesma firma, Oscar Vieira & Cia.

Em 27 de junho de 1929, o DOU publica o requerimento do pedido de renovação do registro da cerveja Bier Black na Junta Comercial do Rio de Janeiro.

Em 11 de junho de 1930, são registradas por Oscar Vieira & Cia as cervejas preta: Cachopa e Garota sob os nºs 17288 e 17289 e é feito o pedido de renovação da cerveja Preta Gloria, sob o nº 17290 da Junta Comercial do Rio de Janeiro.

A tragédia parece acompanhar a cervejaria, em 12 de agosto de 1931, o Jornal do Brasil noticia o falecimento de três trabalhadores na Fábrica de Cerveja Glória, na Rua Pedro Américo 27, quando faziam a calafetagem em uma dorna (tonel) de mais de dois metros de altura. Os funcionários faleceram em função dos gases emanados dos produtos que utilizavam, breu e parafina, que entraram em combustão, sem poderem sair acabaram por falecer.

Em 27 de maio de 1933, é registrada a cerveja preta Minho, sob o nº 26221 da Junta Comercial do Rio de Janeiro.

Em 27 de maio de 1939, falece o sr. Antônio Luiz Ribeiro.

Por volta de 1944,isto é por cerca de 80 anos, esta fábrica ainda funcionava no mesmo endereço.