terça-feira, 20 de outubro de 2015

Fábrica de Cerveja João Ruschel / Cervejaria Ruschel / Polka


Baseado nos textos do blog: http://ruschelheberle.blogspot.com.br/


A família de Sebastian Ruschel (Sebastião), o velho, partiu de Bremen, na Prússia e viajou para o Brasil. Chegaram até Rio Grande e daí até Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, no "Brigue Hanseat", onde terminaram sua viagem no dia 17 de outubro de 1846.

Sebastião Ruschel, natural de Scheuren MühlFeld, no Rio Mosela, Alemanha, nasceu em 4 junho 1806 e casou em 2 de março de 1833 com Maria Mayer, ela nascida em 30 de março de 1808 (há publicações que citam a data de nascimento como 1802, mas no registro de imigrantes de 17 de novembro de 1846 foi declarada a idade de Maria como 39 anos), também em Scheuren MühlFeld, chegaram ao Brasil acompanhados de oito filhos: Johan Nikolaus (João Nicolau), Miguel, Maria, Catharina, johan (João), Anna, Jakob (Jacob) e Mathias, nascidos em 1830, 1833, 1834, 1836, 1839, 1840, 1844 e 1845, respectivamente.

A família Ruschel, que ao chegar na região se instalou em Escadinhas, na Linha Feliz (esta localidade fazia parte de São Sebastião do Cahy e hoje é o atual Município de Feliz), na margem direita do Rio Caí, onde se estabeleceu com lavoura e depois teve uma atafona, destilaria de cachaça e curtume.

Sebastião construiu um grande casa para abrigar sua família de 10 filhos, pois mais dois filhos nasceram em solo brasileiro Nikolaus (Nicolau) em 1849 e Peter (Pedro) em 1852. A casa abrigava diversas funções e era parada obrigatória para os imigrantes, principalmente italianos, quando de passagem para a serra. E essa ligação com os italianos ficaria imortalizada, com a doação de mudas de parreira de uva por parte dos Ruschel.

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Em junho de 1872, Miguel abandonou o curtume do pai e veio com a família para Estrela - RS, onde comprou o histórico sobrado de Antônio Vítor de Sampaio Mena Barreto, abrindo uma casa comercial e hotel. Os seus irmãos: Catharina, Mathias, Nicolau e Pedro logo o seguiram. Tendo ficado em Feliz: João Nicolau, maria e Anna trabalhando com destilaria e agricultura e João e Jacob trabalhando com comércio.

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Em Feliz, no dia 22 de novembro de 1882, Sebastião falece e quase seis anos após, em 1º de agosto de 1888, falece sua esposa Maria Mayer.

No ano de 1893, em Feliz, João Ruschel que já possuia comércio e tocava o curtume e a selaria, seguindo os passos de seu pai que também era cervejeiro, funda a fábrica de cerveja João Ruschel. Essa cervejaria foi a que mais se desenvolveu na região do Vale do Caí e quando da sua criação estava estabelecida na esquina da Av. Marcos José de Leão com a Rua Mauricio Cardoso, onde hoje está erigido o residencial Veit.

João Ruschel foi casado com Ana Maria Stürmer e tiveram onze filhos: Maria, Malvina, Sybilla, Catharina, Ana, Daniel, Henrique, Pedro, João Luis, Ferdinando e Francisco. João Ruschel sempre foi auxiliado na cervejaria por seus filhos Henrique Ruschel e Pedro Ruschel Sobrinho.

em 1908, seu filho Pedro assume a cervejaria e na década de 20, todos os 13 filhos de Pedro se envolvem na cervejaria, especialmente Antonio, Leo e Victor.

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As fotos de 1932, mostram o prédio da cervejaria, uma das mais antigas do estado. O prédio havia sido construído em 1893.

Em 1934, Victor assume a direção da cervejaria, altera seu nome para Cervejaria Ruschel e chama Antonio para dirigir a manutenção e Leo para a produção

Na década de 50 a cervejaria se expandiu e passou a produzir semanalmente 600 garrafas de cerveja e 1200 garrafas de refrigerante, framboesa e gazosa.
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Em 1953, a cervejaria lançou a cerveja Polka.

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Em 1959, a Cervejaria Ruschel passa a pertencer a Victor Ruschel já casado com Irena Gräbin, altera o seu nome fantasia para Cervejaria Polka e faz a mudança para o terreno da Avenida Voluntários da Pátria, onde teve grande desenvolvimento, a sua fama provem mais dos festivais do chope que o seu proprietário promoveu do que da própria produção da cervejaria.

De fato, a primeira edição do festival foi realizada a 20 de Abril de 1968, inspirada na popular Oktoberfest de Munique – Alemanha. Victor havia feito uma viagem ao país dos seus antepassados no ano anterior e voltou ao Brasil decidido a promover uma festa nos mesmos moldes na cidade de Feliz.

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A primeira festa se chamou Festival Polka e era praticamente comunitária, com a participação das famílias felizenses.

Entre as curiosidades que marcaram a grande festa, é a que está ligada à escolha de Margarida Rücker como primeira rainha da festa, em 1968. Ela ficou com a faixa porque, entre quatro candidatas, foi a que vendeu mais números da rifa que teve resultado financeiro aplicado na conclusão da Socef. Você sabe como ela conseguiu a vitória? Não? Então, leia esta matéria e descubra. É claro que teve beleza e sedução na história...

Tudo começou com a escolha de quatro candidatas, feitas aleatoriamente por Victor Ruschel, Willibaldo Graebin Filho e Sigesfredo Rücker, os organizadores do festival. A lista de convidadas continha os nomes de Marieta Freiberger, Noemi Sauer, Rosalva Bennemann e Margarida Rücker. A fórmula do concurso estabelecia que fosse declarada rainha a candidata que vendesse mais números da rifa que buscava recursos a serem investidos na sede.

Chegado o dia 20 de abril, o do baile, tudo estava organizado. Na hora de início (18h), a Socef estava tomada pelo público. Porém, algo fugia ao previsto: uma das quatro candidatas, Margarida, não estava presente, o que deixou os organizadores perplexos. Ocorre que ela, que cursava Geografia na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFGRS), se encontrava em Porto Alegre participando de um programa da sua faculdade. De ônibus, ela só conseguiu sair da Capital às 19h30min, chegando a Feliz por volta das 21h. Precisando vestir-se adequadamente, Margarida só chegou à Socef quando a primeira das diversas apurações dos números – vendidos pelas outras candidatas - já havia ocorrido. Mesmo empenhando-se ao máximo para compensar o atraso, ela ficou em último lugar tanto na segunda como na terceira apuração. Diante disso, Sigesfredo Rücker a questionou se ainda se dispunha a participar do concurso, tendo dela a resposta afirmativa.

Tendo também ouvido o sim da moça, Victor Ruschell, padrinho de batismo dela, achou que deveria auxiliá-la. Tendo um grande carinho por ela e considerando-a muito bonita, ele achava que a jovem deveria lutar pelo título de rainha. Naquele instante, Guiomar, filho de Victor, aproximou-se de Margarida e dela adquiriu alguns números da rifa. Com isto, Margarida aproximou-se das outras candidatas em relação às vendas e, ganhando maior motivação, deu início a autêntica maratona para a comercialização dos números. O processo foi facilitado porque os homens representavam a maior parte dos presente;. E, como eles já estavam cheios de cerveja, Margarida não teve maiores dificuldades para seduzi-los a comprar as rifas. “Bastava uma dança ou um piscar de olhos”, disse ela, há algum tempo.

Então, procedida a última apuração, Margarida foi anunciada como vencedora na vendagem das rifas. Conquistou, então, o título de rainha, sendo coroada por Victor Ruschell.

A cada ano que passava a festividade atraia mais pessoas. Assim não demorou muito para que o evento se tornasse de renome estadual. Nos anos seguintes, com o crescimento da festa, a infraestrutura foi ampliada.

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A partir de 1971 o evento passou a se chamar Festival da Cerveja.

Em 25 de novembro de 1972, a fábrica foi vendida para a Serramalte, de Getúlio Vargas. Em 1973 a Serramalte assume o controle acionário da Cervejaria Polka.

quarta-feira, 11 de março de 2015

Imperial Fábrica de Cerveja Nacional de Henrique Kremer / Augusto Kremer & Cia / Imperial Fábrica de Cerveja Nacional de Frederico Guilherme Lindscheid / Lindscheid & Cia / Companhia Cervejaria Bohemia


Baseado em vários jornais da época

Em junho de 1844, a Província do Rio de Janeiro contrata com o Vice-Cônsul do Brasil em Dunquerque, a vinda de 600 casais de trabalhadores e de artífices das mais variadas profissões, destinadas às obras públicas fluminenses. Durante o ano de 1845 foram relacionadas 13 embarcações trazendo 2.338 imigrantes para a província do Rio de Janeiro, a primeira delas chegando ao porto de Niterói em 13 de junho e a última, em 7 de novembro de 1845.

Junto com esses colonos, chegou a família de Johann Henrich Krämer (Henrique Kremer) acompanhado de esposa e 5 filhos. Kremer era alemão, proprietário de fábrica de cerveja, nascido em 12 de agosto de 1811 em Hilchenbach-Grund, Siegerland (Hilchenbach e as aldeias em torno eram uma parte do antigo Condado de Nassau. Durante as guerras napoleônicas em 1807 tornou-se parte do Reino de Westphália. Em 1815, após o Congresso de Viena, Hilchenbach e outras aldeias de Siegerland tornaram-se parte da Prussia, província da Westphalia). Casado com Anna Margaretha Helmes em 22 de janeiro de 1836. O casal teve seis filhos, cinco ainda na Alemanha: Maria Elisabeth, nascida em 3 de agosto de 1834, Wilhelmina, nascida em 21 de março de 1837, Johannes Justus, nascido em 2 de novembro de 1838 e os gêmeos Henriette e August, nascidos em 20 de março de 1841. Já em Petrópolis, no Rio de Janeiro, nasceu Karoline Christine Josephine em 9 de agosto de 1852.

Os colonos receberam um PRAZO, isto é, uma determinada superfície de terreno num dos Quarteirões, em geral de 5 a 10 mil braças quadradas, isento pelo artigo 24 das Instruções da Mordomia da Casa Imperial, do pagamento de jóia e de oito anos de foro anula a contar de 1-1-1846. A Henrique Kremer coube o prazo nº 3030 do Quarteirão Brasileiro.

Henrique Kremer, foi um hábil artesão especializado em fazer coberturas de casas com pequenas tábuas e também ardósia, o Almanak Laemert o registra nessa função até o ano de sua morte, além disso, também fazia, em casa, sua própria cerveja.

Publicado no Diário do Rio de Janeiro de 1º de Janeiro de 1854 a autorização para a Colônia comprar o terreno de propriedade de Henrique Kremer para instalação de um matadouro.
Com os negócios indo bastante bem, em junho de 1854 adquiriu de Pedro Alcântara Belegarde um terreno na atual Avenida Koeler nº 130, próximo à Catedral São Pedro de Alcântara e Praça da Liberdade onde construiu uma residência, constituida originalmente, de dois prédios distintos: casas 114 e 130. Apresentando linhas simples, a arquitetura remete aos chalés germânicos.
Em 1858, finalizando uma negociação que se arrastava desde 1854, Henrique Kremer vende à fazenda provincial, a propriedade que possuía no Quarteirão Westphália, que a transformou no atual Matadouro Municipal de Petrópolis e, com os recursos obtidos, comprava a filial da Imperial Fábrica de Cerveja Nacional de Henrique Leiden, situada no Quarteirão Nassau, na Rua Princeza Dona Leopoldina nºs 16, 18 e 20, conhecida pela população como Rua dos Artistas (depois Rua 7 de Abril e hoje rua Alfredo Pachá). Essa fábrica de cerveja aparece no Almanak Laemmert, pela primeira vez em 1854 (dados referentes ao ano anterior). Henrique Leiden possuía no Município da Corte a matriz dessa fábrica, fundada em 1848.
Passando a se chamar Imperial Fábrica de Cerveja Nacional de Henrique Kremer.
Em 12 de novembro de 1859, é publicado no jornal O Mercantil, o primeiro de vários convites para bailes no salão da fábrica: CONVITE: Concêrto instrumental, na fábrica de cerveja, Rua dos Artistas nº 8, (Petrópolis - RJ) dado pela banda de música que aqui chegou do Rio de Janeiro, sábado 12 do corrente, às 7 horas da noite. Entrada 1$000. (a) Henrique Kremer. Em 16 de abril de 1863, o jornal “O Mercantil” publica que anteontem na Rua dos Artistas, na fábrica de cerveja do Sr. Kremer, de madrugada, houve um horrível conflito com muitos feridos. Diz ainda que: “... seria conveniente que taes bailes fossem prohibidos, pois não é este o primeiro conflicto que se tem dado, e a julgar-se por ele, dia virá em que seja ali theatro de morticínios, como já tem sido de espancamentos...”.

Com o falecimento de Henrique kremer, em 1865, foi constituída a empresa Augusto Kremer & Cia pelos seus herdeiros, cujos sócios eram: Augusto Kremer e seus irmãos.

Em 22 de julho de 1866 Henriqueta Kremer (Henriette Kramer), filha de Henrique Kremer (Johann Henrich Krämer) casa com Frederico Guilherme Lindscheid (Friedrich Wilhelm Lindscheid), nascido em 11 de junho de 1835, em Remscheid na região administrativa de Düsseldorf, estado da Renãnia do Norte, Westfália. Tiveram três filhas: Ana Bertha, Katharina Auguste e Caroline (Carolina) Lindscheid.

Em 1867, em Juiz de Fora - MG nas imediações da Igreja da Glória, foi fundada a filial da Cervejaria Augusto Kremer & Cia. Em 31 de agosto de 1876, a Cervejaria Augusto Kremer & Cia é dissolvida e separam-se comercialmente matriz e filial, ficando Augusto Kremer com a fábrica de Juiz de Fora que passa a se chamar Imperial Fábrica de Cerveja e Águas Mineraes de Augusto Kremer & Cia. E Frederico Guilherme Lindscheid com a fábrica de Petrópolis que passa a se chamar Imperial Fábrica de Cerveja Nacional.
Em Juiz de Fora no mês de abril de 1878, falece Augusto Kremer, deixando viúva Catharina Kremer e três filhas: Margarida, Henriqueta e Carolina.

Em Petrópolis, a Imperial Fábrica de Cerveja nacional nas mãos de Lindscheid tomou uma grande expansão e prosperidade tornando o seu proprietário, o industrial petropolitano mais rico de seu tempo. Em 1883 a cervejaria chegou à expressiva marca de produzir 1 milhão de garrafas.

Em 4 de março de 1890, é publicado no DOU que a Antiga Fábrica de Cerveja Nacional – FGL, registra na Junta Comercial do RJ, sob o nº 1752, a cerveja dupla branca marca Petrópolis.

Em 5 de junho de 1895, Carolina Lindscheid veio a casar com seu primo Henrique Kremer, filho de Johannes Justus Kramer, passando a se chamar Carolina Lindscheid Kremer.

Em 1º de fevereiro de 1896 Frederico Guilherme Lindscheid transfere sua fábrica de cerveja: Antiga fábrica de Cerveja e Águas Mineraes, para seu genro e sobrinho Henrique Kremer que registra uma nova firma: Lindscheid & Cia, onde fica respondendo como sócio comanditário e como sócios solidários Frederico Guilherme Lindscheid Sobrinho que passa a dirigir a fábrica em Petrópolis e Victorino Rodrigues de Figueiredo que continua a dirigir o depósito na Rua 7 de Setembro nº 62, no Rio de Janeiro.

Em março de 1896, por ocasião da partilha de bens do espólio da mulher do industrial, Sra. Henriqueta Kremer Lindscheid falecida em 21 de setembro de 1892, a fortuna declarada no Inventário totalizava 1.073:973$840. Uma quantia fabulosa para a época. Tanto mais sabendo-se que nessa ocasião, o Inventário do Imperador D. Pedro II somou o valor de 1.5567:080$131. Nessa partilha de bens a filha, Carolina Lindscheid Kremer, casada com Henrique Kremer, neto do fundador, tocou uma parcela avaliada em 220:000$000 representando a fábrica de cerveja e os prédios onde ela funcionava.

Em 6 de julho de 1896, é publicado no DOU que Lindscheid & Cia (Antiga Fábrica de Cerveja Nacional), registra na Junta Comercial do RJ, sob o nº 2351, a cerveja marca Petrópolis – Especial Beer.

Em 23 de abril de 1897, é publicado no DOU que Lindscheid & Cia (Fabrica de Cerveja e Águas Minerais a vapor) registra na Junta Comercial do RJ, sob o nº 2411, a cerveja marca Branca Simples.

Em 28 de julho de 1897, é dissolvida a sociedade retirando-se os sócios Frederico Guilherme Lindscheid sobrinho e Victorino Rodrigues de Figueiredo.

Registros indicam que em 1897, a fábrica realiza diversos melhoramentos e, segundo anunciava a Gazeta de Petrópolis daquele ano, estava habilitada a “servir com promptidão qualquer pedido com que lhes honrem seus amigos e freguezes”.

Em 5 de março de 1898, o Jornal do Commercio, de Juiz de Fora – MG, publica a chegada de Wilhelm Bradac, contratado por Henrique Kremer sócio da fábrica de cerveja Kremer, de Juiz de Fora, e proprietário da Cervejaria Lindscheid, de Petropolis, para dirigir os trabalhos nessas fábricas.

Em 25 de julho de 1898, achando-se presentes e representados na assembléia geral os senhores Rodolpho Weber, Souza Filho & Cia., C. Spaelty - Zweifel, F. C. F. Finkennauer, Hermann Kalkuhl, Fernando Augusto da Rocha, Octávio da Silva Prates, Carlos Maximo de Souza, Monsenhor Dr. Pedro Peixoto de Abreu Lima, Júlio Delage, Pedro de Schepper, Francisco Sixel, João Esch Jun, João Antonio Ribeiro, Miguel Rittmeyer , Antonio Joaquim Luiz Canedo, Carlos Kerster, Victorino Rodrigues de Figueiredo, Guilherme Bradac, Henrique Kremer. Christiano Hecksher, Emílio Vielsen, Dona Virgínia Ferrari, Hernesto Roncheni, Ettore Poggiolesi, foi constituída a Cervejaria Bohemia incorporando todos os bens da Lindscheid & Cia, antecessora, e com o capital de 500:000$000 divido em 2.500 ações no valor nominal de 200$000, sendo que os primeiros diretores eleitos, foram os senhores Henrique Kremer e Guilherme Bradac.

Kremer, auxiliado por Bradac, decidiu transformar a fábrica de cerveja comum noutra de fabricação aperfeiçoada e superior, até 1899, a fabricação chega a ser suspensa temporariamente, para completa modificação da Cervejaria. As condições dos antigos edifícios em nada se adaptavam à fabricação moderna, sendo necessário reconstruir os velhos e construir novo edifício o que se efetuou sob o plano elaborado pelo Sr. Bradac, sendo mestre de obras o conhecido construtor Sr. Rodolpho Müller, ex-diretor de obras da fábrica Teutonia de Mendes – RJ. O edifício da companhia subdivide-se em várias partes: Casa da caldeira, onde se acha instalada a grande caldeira Cronwall com 55 metros quadrados de aquecimento, pressão de 8 atmosferas e um comprimento de 9 metros, sendo alimentada por uma bomba a vapor Worthington e por um injetor contando-se da caldeira à ponta da chaminé 25 metros de altura; Casa das máquinas, ali se encontra a máquina à vapor, força de 40 cavalos, dois compressores para amoníaco (nº4), sistema Linde e bombas rotativas para suprir de água os diversos compartimentos, junto fica a casa do gerador para fabricação do gelo; Casa da fabricação, de três andares e magnificamente instalada, no térreo acha-se uma caldeira de fermentação aquecida á vapor, tina de mexer (maischbottich), aparelhos rotativos e outros necessário a extração da cevada, no segundo e terceiro andar acha-se o deposito de cevada e outros utensílios; Passa-se em seguida ao prédio em que estão além das camaras frigorificas Eiskeller, a sala de fermentação atualmente com 12 tinas mas para o futuro serão 26, todas fabricadas pelo Sr. Miguel Sixel, Filho & Cia, o depósito de lúpulo e aparelhos de esterilização e os toneis de armazenamento, atualmente em número de 60 com capacidade de 3 a 4 mil litros cada; Casa do meio, onde estão instaladas as seções de engarrafamento e lavagens de barris e garrafas e por último o escritório.
Kremer não conseguiu ver a Companhia Cervejaria Bohemia funcionando, em 10 de maio de 1900 faleceu com somente 35 anos de idade, deixando viúva e dois filhos.

Nos meses de agosto e setembro de 1900 foram refeitos os registros de marca da antiga Lindscheid & Cia passando para a Cervejaria Bohemia as diversas marcas: Petrópolis Pilsen e Munchen, Viena Preta e Branca e a Bohemia.

Em 1901, é relançada a cerveja Viena.
Em 1908 a Cia. Cervejaria Bohemia ganha o Grande Prêmio na Exposição Nacional do Rio de Janeiro e em 1922 a companhia recebe novamente o Grande Prêmio na Exposição Nacional do Rio de Janeiro.

Em 1910, a produção vai a 18 mil dúzias de garrafas por mês. Em 1930 a produção dobra e vai a 36 mil dúzias de garrafas por mês. 30% do total era cerveja Bohemia. Em 1954 a Bohemia passa a contar com diversos produtos no mercado: seis marcas de cervejas e mais ingredientes.

Em 1960, a Cia Antárctica Paulista comprou a empresa que produzia dez mil dúzias por mês.