domingo, 28 de fevereiro de 2016

Fábrica de cerveja Ignacio Rasch





Em 17 de dezembro de 1823, partiu de Hamburgo na Alemanha, o navio Caroline com o grupo dos primeiros imigrantes destinados ao Rio Grande do Sul.

No final de junho chegaram ao Rio de Janeiro onde foram recebidos e distribuídos pelo Monsenhor Miranda, trocaram de embarcação passando para o veleiro Protector e seguiram viagem com destino à Porto Alegre, capital da província de São Pedro do Rio Grande onde chegaram em 18 de julho de 1824.

Foram então enviados para a desativada Real Feitoria do Linho-Cânhamo, um estabelecimento agrícola localizado à margem esquerda do Rio dos Sinos, que não dera resultados. A feitoria persistiu até depois da Independência do Brasil, sendo extinta em 31 de março de 1824. Suas terras foram destinadas a abrigar os imigrantes alemães que recém chegavam ao Rio Grande do Sul. Sua estrutura compunha-se da casa-grande que era o centro das atividades e moradia do feitor ou outra autoridade da Feitoria. Nas senzalas moravam os escravos. Havia ainda os galpões para animais e depósitos diversos.

Fazia apenas alguns meses que a fabriqueta de cordas e cordéis da Real Feitoria do Linho-Cânhamo tinha sido desativada. Mas, em boa parte ainda se conservavam as plantas canabíneas para a produção de filamentos e fibras feita por escravos em lavouras de açorianos.

Foram recebidos pelo presidente da província José Fernandes Pinheiro, depois Visconde de São Leopoldo, que, após alguns dias, os encaminhou para a futura colônia. Em carta assinada em 23 de julho de 1824, o presidente informa o Rio de Janeiro que os primeiros colonos já haviam deixado Porto Alegre naquela data com destino a Feitoria. Antes, haviam sido acomodados e assistidos com “carne, farinha, algum legume e tempero de toucinho e sal”.

Em 25 de julho de 1824, esses imigrantes chegaram, à feitoria do Linho-Cânhamo, seu destino. Essa é a data de fundação de São Leopoldo, donde vem o título de “Berço da Imigração”.

Com a chegada dos imigrantes, os poucos moradores tiveram um novo alento na produção de alimentos para os imigrantes, pagos pelo governo provincial.

A primeira leva de imigrantes alemães era composta por 39 pessoas, sendo 15 crianças em idade escolar, 33 evangélicos e 6 católicos, pertencentes às famílias de:
Miguel Krämer e esposa Margarida, lavrador, Bavária, católicos.
João Frederico Höpper, esposa Anna Margarida, filhos Anna Maria, Christóvão, João Ludovico, fabricante de cartas, Bavária, evangélicos.
Paulo Hammel, esposa Maria Teresa, filhos Carlos e Antônio, marceneiro, Munique, católicos.
João Henrique Otto Pfingsten, esposa Catarina, filhos Carolina, Dorothea, Frederico, Catarina, Maria, lavrador, Munique, evangélicos.
João Christiano Rust, esposa Joana Margarida, filha Joana e Luiza, marceneiro, Hamburgo, evangélicos.
Henrique Timm, esposa Margarida Ana, filhos João Henrique, Ana Catarina, Catarina Margarida, Jorge e Jacob, lavrador, Holstein, evangélicos.
Augusto Timm, esposa Catarina, filhos Christóvão e João, lavrador, Holstein, evangélicos.
João Henrique Jaacks, esposa Catarina, filhos João Henrique e João Joaquim, lavrador, Holstein, evangélicos.
Gaspar Henrique Bentzen, cuja esposa e um parente Frederico Gross morreram na viagem, o filho João Henrique, lavrador, Holstein, evangélicos.

Em 12 de agosto de 1824, o presidente da província, José Feliciano Fernandes Pinheiro, mandou um ofício ao inspetor da Colônia de São Leopoldo, José Tomás de Lima, com instruções aos agrimensores e juiz de paz, acompanhando a segunda turma de imigrantes. Talvez, seja apressada a conclusão de considerar insignificante a vinda de apenas 6 novos imigrantes nesta segunda leva.
A grande importância deste grupo diminuto, foi a inclusão de dois imigrantes das ilhas dos Açores: o João Antônio da Cunha, de 35 anos de idade, e a Hiacintha ou Jacinta da Rosa, de 29 anos de idade. O casamento deles estava previsto na primeira visita pastoral a ser feita por um sacerdote, vindo de Gravataí. Este contato direto entre os açorianos e alemães facilitava a comunicação entre os fornecedores de alimentos aos colonos e a aprendizagem das primeiras palavras em língua portuguesa mais necessárias para se comunicarem.

Além dos açorianos, vieram também mais quatro alemães solteiros: João Daniel Gottfried Kümmel, ferreiro, 36 anos; Joaquim Frederico Guilherme Jäger, 45 anos, lavrador; André Cristóvão Meyer, 22 anos, lavrador; eram todos evangélicos; e Ignácio Rasch, pedreiro, 24 anos, católico. Esses quatro solteiros vieram 18 dias depois da chegada dos pioneiros por terem permanecido no Hospital Militar em Porto Alegre para tratar de sua saúde, maltratados pelo capitão da sumaca São Francisco de Paula.


Primeiro abrigo dos imigrantes alemães fundadores de São Leopoldo

Instalados na feitoria até que recebessem seus lotes coloniais, o Governo mudou o nome da antiga Real Feitoria e batizou o núcleo de Colônia Alemã de São Leopoldo, em homenagem à Imperatriz Leopoldina, a esposa austríaca de Dom Pedro I. A colônia se estendia por mais de 1000 Km² indo em direção sul-norte de Esteio até Campo dos Bugres (Caxias do Sul, hoje) e em direção leste-oeste; de Taquara (hoje) até o Porto de Guimarães, no Rio do Caí (São Sebastião do Caí, hoje).


Em 12 de outubro de 1824, Ignácio Rasch, nascido na Baviera em 1790, recebeu o Lote nº 1 do plano diretor do núcleo urbano de São Leopoldo, quase defronte à igreja no lado esquerdo do rio.

Ignácio Rasch, homem de visão, tendo recebido o lote na margem do Passo, logo tratou de explorar suas potencialidades, ele abriu um armazém de secos e molhados, instalou à margem do rio, a primeira fábrica de cerveja do Rio Grande do Sul para alegrar o povo em suas festas de Kerb e um serviço de barcas destinado ao transporte de cargas quando ainda não havia ponte.

Ignácio Rasch foi o primeiro comerciante e barqueiro no Rio dos Sinos. Foi assim que se deram os começos duma urbanização primitiva, surgida automaticamente, sem intervenção governamental, no Passo, chamado também Passo da Olaria, no Porto das Telhas.

Como se vê, foi o empresário pioneiro no comércio, indústria e serviços em São Leopoldo, onde faleceu em 1835, casado com Gertrudes Heinz.

O Passo fazia parte da velha estrada de tropas que, partindo do Planalto Central, passava por São Francisco de Paula, se bifurcava no Mundo Novo, seguindo ou para Santo Antônio ou para Boa Saúde (perto do lugar onde depois se estabeleceria Novo Hamburgo), onde mais uma vez se bifurcava, indo um ramo para o Jacuí e outro para Porto Alegre. Em conseqüência deste fluxo de mercadorias do Passo para a Feitoria e, anos mais tarde, em direção oposta, levando as mercadorias já produzidas pelos colonos para Porto Alegre, surgiram as primeiras casas na atual cidade de São Leopoldo.

As compras tinham que ser feitas no Passo, onde havia duas vendas, uma de Ignácio Rasch, na margem esquerda do rio, onde hoje existe o Hotel Brasil, e a outra de Adão Hoefel, na margem direita. Só mais tarde abriram-se novas casas de negócio na Estância Velha e em Hamburgo Velho.


A casa onde funcionava a sede da Real Feitoria do Linho Cânhamo em São Leopoldo, permanece ainda no mesmo local, no Bairro que leva o nome de Feitoria, conhecida como Casa da Feitoria ou Casa do Imigrante.

terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

Tiede & Beyerstedt / Cervejaria Tiede / Viuva de A. Tiede / Alfredo Tiede & Cia / Tiede, Seyboth & Cia / Cervejaria Catharinense Ltda. / Cervejaria Catarinense S.A.


Baseado no texto de Maria Cristina Dias, publicado em Notícias do Dia


A Colônia Dona Francisca ainda estava sendo estruturada e as primeiras cervejarias já começavam a produzir a bebida, que passaria a integrar o dia a dia da comunidade nos momentos de alegria, confraternização, e por que não? – de tristeza.

O imigrante Alfred Tiede (Alfredo), de profissão cervejeiro, nascido em 24 de outubro de 1854, em Thurn, na Suiça, filho de Christian Friedrich Tiede e Mathilde Braun Tiede (que viúva, também imigrou para a Joinville), chegou à Colônia Dona Francisca em 1881, aos 27 anos e ainda solteiro.
Logo casou com Karoline Mathilde, a Lilly, nascida Brand em 1857, que havia chegado com sua família, em outro navio, no mesmo ano de 1881. Disposto a começar uma nova vida escolheu como local desse recomeço um lote de 5,50 morgos (equivalente a 2.400 metros quadrados) na então Mittelweg ou Caminho do Meio, atual Rua XV de Novembro, curiosamente o local onde a princípio os imigrantes suíços se concentraram.

Algum tempo depois, juntamente com Carl Beyerstedt, outro imigrante e cervejeiro radicado na Colônia Itajahy (atual Brusque) casado com Charlotte von Lasperg, fundou a cervejaria Tiede & Beyerstedt que durou pouco tempo.

Carl Beysterdt, havia sido premiado em 30 de setembro de 1875 com a medalha de bronze (2º lugar) na 4ª Exposição de Produtos Agrícolas e Manufaturas das Colônias Itajahy e Príncipe Dom Pedro.

A partir de 1888, fundou a Cervejaria Tiede, que também fabricava gasosas, licores e até xaropes de frutas, as primeiras garrafas produzidas na Cervejaria Tiede começaram a chegar na mesa dos consumidores ainda em janeiro de 1889.

A abertura oficial do novo empreendimento foi no primeiro dia do ano e na edição de 9 de janeiro de 1889, o jornal “Reform”, de circulação local, publicava uma nota informando a comunidade: “O proprietário de cervejaria, sr. Alfred Tiede, que até este momento era sócio da firma Cervejaria Tiede & Beyerstedt, recentemente fechada, abriu a sua própria cervejaria, a qual também administra, no dia 1º de janeiro, sob a denominação de “Alfred Tiede”, segundo tradução da pesquisadora Brigitte Brandenburg.

Tiede apostou na crítica dos jornais e enviou para o editor, “como amostra”, 25 garrafas de sua produção. O resultado foi a nota que visava atrair mais clientes: “Julgamos que a amostra que nos foi enviada apresenta um gosto forte em uma cerveja muito clara e de bom encorpamento, que nós consumidores de cerveja desejamos. É uma cerveja que está acima das melhores cervejas aqui criadas, e que pode colocá-las em segundo lugar”, aproveitando para salientar o preço do produto, considerado bom para a época. “Se o sr. A. Tiede mantiver-se fiel a este princípio, e fermentar a sua cerveja na mesma qualidade com o qual nos enviou, não faltarão encomendas”, assinalava a resenha publicada no jornal.

Alfred Tiede morreu de câncer em 14 de junho de 1904, aos 50 anos, e não deixou filhos. Ele e Lilly tiveram apenas uma criança que também já havia falecido. O casal, havia adotado um sobrinho que tinha o mesmo nome do tio: Alfred Tiede, a coincidência de nomes cria certa confusão, o sobrinho era Alfred Carl Tiede (Alfredo Tiede), nascido em 1893, e filho de Rudolf Baade e Marie Tiede. As informações constam no Kolonie Zeitung, em nota que comunica seu casamento com Gertrud Bennack, em 1917, e foram traduzidas por Brigitte Brandenburg.

A Cervejaria de Alfred Tiede recebeu a medalha de segunda classe da Exposição de Agricultura Indústria e Artes, feita pela Sociedade Catarinense de Agricultura em 1905, pelas cervejas Porter, Kulmbach e Clara e medalha de terceira classe para a sua cerveja simples.

Medalha premial de segunda classe da Exposição de Agricultura Indústria e Artes


Após a morte do marido, Lilly Tiede a princípio assumiu os negócios da família. Rótulos da primeira década do século 20 mostram o novo nome da empresa: “Vª de A. Tiede” (Viúva de Alfred Tiede).

Por volta de 1915, o sobrinho Alfredo Tiede assumiu os negócios da mãe adotiva. A firma passou a aparecer nos rótulos como “Alfredo Tiede & Cia" e adotou o nome fantasia de Cervejaria Catharinense.

     

No início dos anos 20, com a chegada de um sócio, Seyboth, os rótulos passam a apresentar a identificação “Tiede, Seyboth & Cia”.
  

Em 1923, a empresa que fabricava cerveja de alta fermentação, foi transformada em cervejaria de baixa fermentação.

O DOU de 10 de julho de 1925, publica o registro das marcas Clarinha, Morena e Ouro sob os nº 2904, 2905 e 2906 respectivamente e tres meses depois, em 8 de outubro desse mesmo ano, publica o registro da marca Cerveja tipo Original Munchen, sob o nº 3563, para a firma Tiede, Seyboth & Cia.

A modificação, no processo, da cervejaria de alta para baixa fermentação, que visava alcançar maior produtividade, trouxe também problemas financeiros, os quais culminaram com a transformação, em 1928, da Thiede, Seyboth & Cia em Cervejaria Catharinense Ltda.


O Diário oficial de 1/11/1928 publica o deferimento da transferência das marcas nº 22023, 22024 e 22025, 22321 e 24038 da Tiede e Seyboth & Cia para a Cervejaria Catharinense.

Na formação da Cervejaria Catharinense Ltda. houve o aporte de capital de empresários e firmas da região, como Henrique Douat, Eugênio Fleischer, Colin & Cia, Böhm, H. Zimmermann e Werner Metz e Max e Georg Keller. “Tornando-se assim a maior cervejaria do Estado, com produção de 18 mil hectolitros/ano e capital investido de 800 contos de réis”.

Nesta época, final dos anos 20 e década de 30, a cervejaria contava com cerca de 80 empregados, era a maior do Estado e funcionava no mesmo local onde morava o seu fundador, Rua Quinze de Novembro, produzia as marcas Ouro Pilsen, Morena, Catharinense, Clarinha, Sem Rival, Porter e Munchen, além de refrigerantes.

A água utilizada na fabricação das cervejas e que era a grande chave de seu sucesso vinha de duas fontes: uma no terreno da própria empresa e outra na rua Padre Anchieta , por onde era escoada até a empresa através de uma tubulação subterrânea. Essa fonte de água mineral foi usada por mais de 50 anos para a produção de bebidas.

O Diário oficial de 2/03/1929 publica o registro da marca Ouro Pilsen sob o nº 13641 e em 8/03/1929, o Diário oficial de publica o registro da marca Sem Rival sob o nº 13687.

  
     

Em 21 de dezembro de 1929, o jornal "A República" publica a notícia da cessão onerosa (venda) que faz Alfredo Tiede, de suas quotas na Cervejaria Catharinense Ltda, no valor de Rs 60:000 (sessenta contos de réis) para Colin & Cia.

O Diário oficial de 4/12/1934 publica o registro da marca Optima.

O Diário oficial de 15/06/1935 publica o registro da marca Favorita.

Em 1938, deixa, definitivamente, de levar o nome Tiede, com a transformação da sociedade por quotas limitada para sociedade anõnima e inicia a construção da nova fábrica.


Em 1942, a Cervejaria Catharinense é reinaugurada e, com a conclusão do novo prédio, Werner Metz assume como diretor-presidente.

     
     

  

Em 1948, a Cervejaria Catharinense foi vendida para a Antarctica, que manteve a antiga razão social até 1962 quando passou a ser Cia. Antarctica Paulista - Industria Brasileira de Bebidas e Conexos e tornou-se, dentro de pouco tempo, uma das maiores cervejarias do Brasil, com filiais em cidades como Curitiba e Caxias do Sul.

  

Em 1973 a última grande mudança: a antiga Cervejaria Catarinense passa a se chamar Companhia Sulina de Bebidas Antarctica, e em 1998, após mais de meio século funcionando na rua 15 de Novembro 1383, bairro América, a fábrica foi desativada, foi a vez do fim da fabricação da cerveja Antarctica em Joinville.

Na época, o patrimônio foi passado para Bebidas Antarctica Polar que após 3 anos de abandono, em 2001, o vendeu à Prefeitura de Joinville que transformou os antigos galpões e depósitos na "Cidadela Cultural Antarctica", um complexo para a realização de eventos, cursos, oficinas e apresentações artísticas que deveria se tornar um centro de cultura, diversão e arte.

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

A. Tiede & Cia / Cervejaria Blumenauense


Na sessão da Junta Comercial de 23 de novembro de 1928, foi requerido o registro do contrato entre Alfredo Tiede e Adolf Schmalz, o 1º solidário e o 2º comanditário, para a exploração de indústria de cerveja na praça de Itoupava Seca, Blumenau, com o capital de Rs 130:000$000 (cento e trinta contos de réis) em partes iguais, por tempo indeterminado sob a razão social de A. Tiede & Cia, tendo sido publicado no jornal “A República” de 26 de fevereiro de 1929, o deferimento desse requerimento.

Essa sociedade durou pouco tempo, em 19 de junho de 1930, foi feito o pedido de registro, na Junta Comercial, do distrato social da firma A. Tiede & Cia, o deferimento desse pedido foi publicado no jornal “A República” em 10 de julho de 1930.

Em 16 de julho de 1930, é publicado no jornal “A República” um aviso (anúncio) em que Alfredo Tiede e Adolpho Schmalz, ambos brasileiros, sócios da firma A. Tiede & Cia, da praça de Blumenau, resolvem de comum acordo dissolver a mesma sociedade, retirando-se o sócio Alfredo Tiede por não ter sido possível cumprir a realização de sua quota de capital da sociedade. A liquidação da extinta firma fica exclusivamente a cargo do sócio Adolpho Schmalz que assume toda a responsabilidade do seu ativo e passivo. O sócio Alfredo Tiede retira-se livre e desonerado de quaisquer compromissos. Tornando pública a dissolução da sociedade.

Suponho que essa sociedade entre Tiede e Schmalz foi para a compra da cervejaria de Otto Jennrich e que com a liquidação da cervejaria, as edificações tenha retornado para Jennrich.

Em 13 de janeiro de 1931, Adolfo R. Schmalz, Tekla Franke, Otto Jennrich, Otto Hennings, Leo Leczymski, Julio Kleine, Fritz Franke, Adolfo Mueler e Hermann Weege, constituem uma sociedade anônima, nesta cidade de Blumenau, que se denominará Cervejaria Blumenauense S.A., com o capital nominal de Rs 200:000$000 (duzentos contos de réis) dividido em 400 ações de Rs 500$000 (quinhentos mil réis) cada uma, com prazo de duração de 20 anos e com o objetivo de fabricação de cervejas e outras bebidas, tais como: gazosas e águas minerais artificiais e o comércio de matérias primas necessárias à fabricação.

O capital será subscrito da seguinte forma: Júlio Kleine e Fritz Franke uma ação cada um; Tekla Franke, Otto Hennings, Leo Laczymski e Adolfo Mueller duas ações cada; Hermann Weege quatro ações, com os valores realizados em dinheiro.
Adolfo Schmalz e Otto Jenrich realizam as entradas do capital em bens, da seguinte forma: Adolfo Schmalz com as máquinas, utensílios, mercadorias, direitos e dívidas da antiga firma A. Tiede & Cia em liquidação em que o subscritor é o único sócio remanescente e Otto Jennrich com os terrenos e edifícios em que se acha localizada a fábrica de cerveja e os bens do subscritor Adolfo Schmalz à Rua São Paulo nº 249, nesta cidade de Blumenau.

Observando o rótulo da cerveja Polar, abaixo, fica comprovado que a Cervejaria Blumenauense foi criada a partir da Cervejaria de Otto Jennrich, pois o texto das medalhas impressas, dizem: "Premiado em Florianópolis em 1905" e "Premiado no Rio de Janeiro em 1908", premios esse recebidos pela cervejaria de Jennrich e não pela Blumenauense que foi criada em 1931.

Em 18 de junho de 1935, é publicado no Diário Oficial da União (DOU) a transferência da marca Culmbach, também de Jennrich registrada anteriormente sob o nº 30600, para a Cervejaria Blumenauense S.A. sob o número de registro 2419/35.